Artigo – A energia das pequenas e médias empresas

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Por Geraldinho Vieira
Charge de Claudius

“Quando se fala em energias renováveis, a tendência é pensar o tema sob a ótica exclusiva de gigantescos investimentos feitos por corporações em energia eólica, solar, geotérmica ou biomassa. Mas… cada casa, cada estabelecimento comercial, cada unidade de produção familiar agropecuária, pode tornar-se um fornecedor de energia, desde que façam parte de um sistema descentralizado e apoiado em redes inteligentes (smart grids)”.

A afirmação é do economista Ricardo Abramovay e está no recém lançado site do Centro Sebrae de Sustentabilidade em entrevista com o título “Micro e pequenas empresas são essenciais para consolidar a economia verde”.

É a primeira entrevista do site (boa iniciativa do Sebrae), que tem interessantes sessões com casos e dicas de negócios sustentáveis no universo das médias e pequenas empresas (além das individuais), ou seja, nada menos que 99% dos empreendimentos formalizados no Brasil (Ministério do Trabalho e Emprego/Rais, 2010).

Abramovay, coordenador do Núcleo de Economia Socioambiental da USP, é um pensador que cutuca com vara afiada o modo como produzimos e consumimos.

Para ele, o fundamental é que “todos os atores sociais incorporem a realidade de que o sistema econômico já ultrapassou fronteiras além das quais a vida social está seriamente ameaçada… isso vai muito além de educação e mexe com interesses: nem sempre a transição para técnicas mais racionais é economicamente interessante; nós vivemos num mundo em que, infelizmente, destruir ainda dá lucro, muito lucro”.

Reproduzo outros dois trechos da entrevista com o desejo de convidar o leitor a ir ao site do Centro Sebrae Sustentável para ler a versão completa:

– “A precariedade da geração de conhecimentos para o uso sustentável da biodiversidade (…) é um traço geral das economias e das sociedades contemporâneas. [Por exemplo] foram desenvolvidas tecnologias para adaptar o cerrado às necessidades da produção de grãos, mas quase nada para melhor utilizar, proteger e regenerar os ecossistemas locais… O grande obstáculo é que as oportunidades de ganho com [a] economia da destruição da natureza, são hoje imensas…”;

– “… Nós ainda estamos muito aquém da formulação de sistemas de inovação voltados para a sustentabilidade e isso não é específico às micro e pequenas empresas. Isso se refere, por exemplo, à maneira como produzimos nosso principal meio de transporte (o carro individual, emblema do que há de menos sustentável no mundo moderno) e como planejamos nossas cidades em função muito mais dos automóveis do que das pessoas”.

Artigo publicado no Blog do Noblat.