FAO: Ações do Brasil para sair do mapa da fome devem ser aplicadas a populações mais vulneráveis

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Criar e fortalecer políticas públicas voltadas para as populações mais vulneráveis como comunidades indígenas e quilombolas, melhorar a alimentação da população para combater a obesidade, adotar medidas para diminuir o desperdício de alimentos e enfrentar as questões relacionadas às mudanças climáticas. Esses sãos os principais desafios para o Brasil, de acordo com a segunda edição do Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil – 2015 (SOFI Brasil), publicado pela Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO).

A publicação lançada no âmbito da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional é uma continuidade do primeiro relatório publicado no ano passado. A primeira edição revelou que o Brasil venceu o problema estrutural da fome e não está mais no mapa da Fome das Nações Unidas.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), a pobreza no Brasil foi reduzida de 24,7% em 2002 para 8,5% em 2012, e a extrema pobreza caiu de 9,8% para 3,6% no mesmo período. Esse resultado fez com que o país cumprisse a meta de reduzir pela metade o número de pessoas que passam fome estabelecida nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Para as décadas seguintes o Brasil precisa voltar a atenção para os chamados grupos mais vulneráveis que abrigam a maior parte das pessoas que ainda sofrem de insegurança alimentar no país. “Chegar até essas pessoas é essencial para que o Brasil fique livre da fome uma vez por todas. As políticas devem criar estratégias para atingir de forma eficaz, os ribeirinhos, quilombolas, indígenas e a população rural”, afirmou o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic.

Outro desafio está ligado a promover a alimentação saudável. Em todo o mundo cresce o número de pessoas com sobrepeso. A obesidade figura como uma das principais causas de doenças que atingem a população, como por exemplo, hipertensão e diabetes. Segundo o relatório, há uma erosão de 20% nos orçamentos dos países decorrentes da obesidade e doenças a ela associadas. No Brasil, em 2011, o custo da obesidade e da fração atribuível de cada doença a ela associada foi de mais de 480 milhões de reais para o Sistema Único de Saúde.

“A alimentação saudável deve ser uma aliada da população. As dietas precisam garantir alimentos nutritivos e ricos em proteínas. E quem pode contribuir bastante para isso é o agricultor familiar. Os pequenos agricultores são responsáveis por mais de 70% dos alimentos que chegam diariamente a nossas mesas e a produção deles vem de uma fonte sustentável e acima de tudo saudável”, ressaltou Bojanic.

Agendas convergentes

O relatório também faz referência aos novos desafios pós-2015 com a aprovação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Mais de 190 países se comprometeram na Assembleia Geral da ONU com 17 objetivos e 169 metas. A segurança alimentar está presente com objetivos mais ambiciosos: erradicar a pobreza em todas suas formas até 2030, alcançar a segurança alimentar e a melhora da nutrição e promover a agricultura sustentável.

O Brasil tem um papel importante nesse processo, já que o país tem capacidade de se tornar nas próximas décadas o maior exportador de alimentos do mundo, com uma produção capaz de atender tanto a demanda interna, como a externa.

Fonte: ONU Brasil