ONU: 7 mil recém-nascidos morrem por dia no mundo

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A cada dia de 2016, 15 mil crianças morreram antes do seu quinto aniversário. Quase metade delas – ou 7 mil bebês – faleceu nos primeiros 28 dias de vida, segundo relatório divulgado nesta semana (19) pela ONU. Documento aponta queda na mortalidade geral de crianças com menos de cinco anos, mas identifica alta na proporção de bebês que morrem durante o período neonatal.

Em 2016, 5,6 milhões de meninos e meninas com menos de cinco anos morreram. O número ainda assusta, mas representa um avanço na comparação com os quase 9,9 milhões de crianças na mesma faixa etária mortas em 2000. Já a proporção de óbitos de recém-nascidos — que morreram no período neonatal — passou de 41 para 46% do total de falecimentos de jovens que não chegam ao quinto aniversário.

“As vidas de 50 milhões de crianças foram salvas desde 2000, um testemunho do compromisso sério dos governos e dos parceiros de desenvolvimento em enfrentar as mortes infantis evitáveis”, afirmou o chefe de saúde do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Stefan Peterson. “Mas, a menos que façamos mais para impedir que os bebês morram no dia em que nascem, ou dias após seu nascimento, esse progresso permanecerá incompleto.”

Se mantidas as tendências atuais, 60 milhões de crianças morrerão antes do quinto aniversário entre 2017 e 2030, metade delas durante o período neonatal. Em 2016, a maioria das mortes de recém-nascidos ocorreu em duas regiões: Ásia Meridional (39%) e África Subsaariana (38%). Nesta sub-região do continente africano, uma a cada 36 crianças morre no primeiro mês de vida. Em países desenvolvidos, a taxa é de uma a cada 333.

Cinco países registraram a metade de todas as mortes neonatais: Índia (24%), Paquistão (10%), Nigéria (9%), República Democrática do Congo (4%) e Etiópia (3%).

O Brasil é uma das nações que têm se destacado por reduzir a mortalidade infantil. Entre 1990 e 2015, a taxa de mortalidade de crianças de até um ano caiu 73,67%, segundo o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) do SUS. No entanto, bebês de até um ano ainda morrem no país por causas que poderiam ser evitadas. As maiores vítimas da mortalidade infantil no Brasil são as crianças indígenas. Elas têm duas vezes mais risco de morrer antes de completar um ano do que as outras crianças brasileiras, de acordo com dados de 2011 do DataSUS.

“A menos que façamos mais para impedir que os bebês morram no dia em que nascem, ou dias após seu nascimento, esse progresso permanecerá incompleto. Temos o conhecimento e as tecnologias requeridos – precisamos apenas levá-los aonde são mais necessários”, acrescentou Peterson.

O relatório observa que muitas vidas podem ser salvas se as iniquidades globais forem reduzidas. Se todos os países tivessem atingido a mortalidade média dos países de alta renda, 87% das mortes de menores de cinco anos poderiam ter sido evitadas e quase 5 milhões de vidas poderiam ter sido salvas em 2016.

A menos que a taxa de progresso melhore, mais de 60 países não alcançarão a meta do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU nº 6 de acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos até 2030. Metade dessas nações não atingirá a meta de 12 mortes neonatais por mil nascidos vivos até 2050. Esses Estados-membros registraram cerca de 80% das mortes neonatais em 2016.

Causas da mortalidade

Segundo o levantamento — elaborado pelo UNICEF, a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Grupo Banco Mundial e a Divisão de População do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (UNDESA) —, a pneumonia e a diarreia encabeçam a lista de doenças infecciosas que tiram a vida de milhões de crianças com menos de cinco anos. Esses problemas de saúde representam, respectivamente, 16% e 8% das causas de óbitos.

As complicações do nascimento prematuro e as complicações durante o trabalho de parto ou na hora do parto foram as causas de 30% das mortes de recém-nascidos em 2016. O relatório alerta ainda para os 2,6 milhões de bebês que morrem antes de nascer a cada ano. A maioria desses falecimentos poderia ter sido evitada, segundo a pesquisa.

O documento aponta que o fim das mortes infantis evitáveis pode ser conseguido por meio do acesso a profissionais de saúde especializados durante a gravidez e no momento do nascimento; de intervenções vitais, como imunização, aleitamento materno e medicamentos baratos; e da implementação de serviços eficazes de água e saneamento, dos quais as comunidades mais pobres do mundo estão atualmente desprovidas.

Fonte: ONU Brasil