UNICEF aponta recorde de 37 milhões de crianças deslocadas

UNICEF aponta recorde de 37 milhões de crianças deslocadas

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O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) disse na sexta-feira (17) que conflitos, violência e outras crises deixaram um recorde de 36,5 milhões de crianças deslocadas no final do ano passado, o número mais alto registrado desde a Segunda Guerra Mundial.

Esse número inclui 13,7 milhões de crianças refugiadas e requerentes de asilo, e 22,8 milhões que estão deslocadas internamente devido a conflitos e violência. No entanto, não estão incluídas as crianças deslocadas por desastres naturais ou mudança climática, nem as recém-deslocadas em 2022, inclusive pela invasão russa na Ucrânia.

O UNICEF disse que o número recorde de crianças deslocadas é resultado direto de crises contínuas, incluindo conflitos agudos e prolongados, como no Afeganistão, e fragilidade em países como a República Democrática do Congo ou o Iêmen – todos agravados pelos impactos destrutivos das mudanças climáticas.

A diretora-executiva do UNICEF, Catherine Russell, pediu para que estas evidências não sejam ignoradas. “É nossa responsabilidade proteger as crianças e espero que os governos garantam o acesso à educação, proteção e outros serviços essenciais que apoiem o bem-estar e desenvolvimento dessas crianças agora e futuramente”.

Deslocamento em crescimento – O deslocamento de crianças está crescendo rapidamente, disse a agência da ONU. No ano passado, o número global de crianças deslocadas aumentou em 2,2 milhões.

“Não podemos ignorar as evidências: o número de crianças deslocadas por conflitos e crises está crescendo rapidamente e é nossa responsabilidade protegê-las”, disse a diretora-executiva do UNICEF, Catherine Russell.

“Antes de tudo, espero que esse número alarmante leve os governos a impedir que as crianças sejam deslocadas”, afirmou a diretora do UNICEF, que completou: “e quando forem deslocadas, espero que os governos garantam o acesso à educação, proteção e a outros serviços essenciais que apoiem o bem-estar e desenvolvimento dessas crianças agora e no futuro”.

Crises como a guerra na Ucrânia, que fez com que mais de dois milhões de crianças fugissem do país e deslocou três milhões internamente desde fevereiro, somam-se a esse recorde.

Clima extremo – Além disso, crianças e famílias também estão sendo forçadas a sair de suas casas por eventos climáticos extremos, disse o UNICEF, como a seca na região do Chifre da África e no Sahel, e grandes inundações em Bangladesh, na Índia e na África do Sul.

Em 2021, houve 7,3 milhões de novos deslocamentos de crianças como consequência de desastres naturais.

A população global de refugiados mais que dobrou na última década, com crianças representando quase metade do total. Mais de um terço das crianças deslocadas vivem na África Subsaariana (3,9 milhões ou 36%), um quarto na Europa e Ásia Central (2,6 milhões ou 25%) e 13% (1,4 milhão) no Oriente Médio e Norte da África.

À medida em que o número de crianças deslocadas e refugiadas atingem um recorde, o acesso a apoio e a serviços essenciais como saúde, educação e proteção tornam-se insuficientes. Apenas metade das crianças refugiadas está matriculada na escola primária, enquanto menos de um quarto dos adolescentes refugiados está no ensino fundamental e médio.

Riscos graves – As crianças desabrigadas, sejam refugiadas, requerentes de asilo ou deslocadas internamente, podem enfrentar graves riscos para o seu bem-estar e segurança – principalmente para as centenas de milhares de crianças desacompanhadas ou separadas de suas famílias, que correm maior risco de tráfico, exploração, violência e abuso.

As crianças representam aproximadamente 28% das vítimas de tráfico no mundo.

O UNICEF insta os Estados-membros a cumprirem os seus compromissos com os direitos das crianças desabrigadas, incluindo o que foi estabelecido no Pacto Global sobre Refugiados (PGR) e no Pacto Global para Migração (PGM), e a investirem mais em dados e pesquisas que reflitam a verdadeira dimensão dos problemas enfrentados pelas crianças refugiadas, migrantes e deslocadas.

6 ações – O UNICEF pede aos governos que tomem seis ações em prol da igualdade das crianças refugiadas, migrantes e deslocadas:

  • Fornecer apoio igualitário a todas as crianças, não importa de onde elas venham.
  • Reconhecer as crianças refugiadas, migrantes e deslocadas como crianças acima de tudo, com direito à proteção, desenvolvimento e participação.
  • Aumentar a ação coletiva para garantir o acesso efetivo a serviços essenciais, incluindo assistência à saúde e educação, para todas as crianças e famílias desabrigadas, independentemente de suas condições.
  • Proteger as crianças refugiadas, migrantes e deslocadas da discriminação e da xenofobia.
  • Acabar com práticas prejudiciais de gestão de fronteiras e detenção imigratória de crianças.
  • Capacitar jovens refugiados, migrantes e deslocados para colocar seus talentos em prática e atingir seu potencial

Fonte: ONU Brasil