UNOPS: Em Porto Alegre, escolas públicas são projetadas para melhor acolher crianças com autismo

UNOPS: Em Porto Alegre, escolas públicas são projetadas para melhor acolher crianças com autismo

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Estímulos sensoriais, comunicação visual clara, espaços para desaceleração. Esses são alguns dos recursos recomendados para o acolhimento de crianças diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e que agora estão contemplados nos projetos de arquitetura e engenharia de escolas públicas infantis de Porto Alegre. As adaptações foram sugeridas pelo Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS), que está encarregado da realização e supervisão das obras, duas das quais devem iniciar no começo do ano que vem.

As recomendações foram elaboradas tendo em vista os projetos referenciais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para esse tipo de escola. Além da adequação a normativas de segurança e acessibilidade – por exemplo, que preveem banheiros para crianças com deficiência e presença de corrimões -, as diretrizes incluem a criação de zoneamento sensorial, que classifica os espaços em zonas de alto, moderado e baixo estímulo, e a implantação de zonas de transição entre as diferentes áreas.

Na prática, isso significa, por exemplo, que as crianças terão espaços destinados ao brincar livre e a atividades de estímulos sensório-motor (música, escalar, engatinhar, pular), tais como playgrounds e sala multiuso com mais cores e objetos de entretenimento  (zona de alto estímulo); salas destinadas às práticas que envolvem foco, como desenhar e meditar, alternados com práticas estimulantes, como brincadeiras direcionadas em grupo (estímulo moderado); além de locais que preveem a organização sensorial e a autoconexão, como jardins sensoriais e bibliotecas capazes de abrigar práticas imersivas (baixo estímulo).

“Essas adaptações são importantes não apenas para as crianças diagnosticadas com TEA, mas podem ser úteis para aquelas que sofrem com outros transtornos ou mesmo para as muito pequenas, que ainda não passaram pela alfabetização”, explica o gerente do projeto no UNOPS, Marco Antonio Costa. “O entendimento dos espaços a partir da perspectiva sensorial amplia o protagonismo das crianças no tema da infraestrutura”, acrescenta.

Outras diretrizes elaboradas para os projetos incluem a concepção de espaços e cantos de desaceleração (com possibilidade de descarga sensorial, comunicação visual adaptada para facilitar a comunicação e a orientação de crianças não verbais e/ou não alfabetizadas, além de elementos que permitam a descarga e organização sensorial). As arquitetas Bárbara de Carvalho, Gisele Marques e Maria Paula de Lamare  e a engenheira Denise Motta, todas do UNOPS, participaram da iniciativa. O trabalho também foi acompanhado pela área de Gênero, Diversidade e Inclusão (GDI) do UNOPS, que ajuda a garantir a integração desses temas em todos os projetos.

Para fazer as adaptações, a equipe responsável realizou uma revisão bibliográfica extensa, entrevistas com pedagogas e com representantes do tema em conselhos, além de um compilado de melhores práticas nacionais e internacionais. Dados de 2021 do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos indicam que uma a cada 36 crianças é diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista.

Sobre o projeto

O projeto “Apoio ao desenvolvimento de ações para qualificação da Educação Básica no Município de Porto Alegre” é fruto de acordo de cooperação técnica internacional assinado entre a Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre (SMED) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Dentro desse acordo – e para viabilizar a execução de alguns dos componentes previstos – a UNESCO firmou, em agosto de 2023, um acordo interagencial com o UNOPS, organismo das Nações Unidas especializado em infraestrutura, para elaborar os projetos técnicos de engenharia e executar as obras.

Fonte: ONU Brasil

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