

Estudo apresenta panorama aprofundado sobre a evolução da aprendizagem no Brasil pós-pandemia com análises inéditas
Novo estudo do Todos Pela Educação apresenta um panorama aprofundado sobre a evolução da aprendizagem no Brasil pós pandemia e séries históricas inéditas, com recortes raciais, socioeconômicos e a nível estadual e municipal. A análise aponta, por exemplo, que o ensino público brasileiro não retomou patamares de aprendizagem pré-pandemia, com aumento na desigualdade entre brancos, negros e indígenas ao longo de uma década.
Os levantamentos, realizados com base nos resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), consideram o desempenho de alunos dos Ensinos Fundamental e Médio, matriculados na rede pública, para as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática.
Um dos principais destaques aponta que, entre 2013 e 2023, aumentou a desigualdade na aprendizagem entre estudantes brancos, negros e indígenas no Brasil. As diferenças mais acentuadas estão no 9º ano do Ensino Fundamental. Em 2023, 45,6% dos alunos brancos e amarelos alcançaram o nível adequado em Língua Portuguesa, enquanto entre estudantes pretos, pardos e indígenas o resultado foi de 31,5% — uma diferença de 14,1 pontos percentuais. Em 2013, essa distância era de 9,6 p.p.. Em Matemática, a defasagem entre os dois grupos cresceu 2,4 p.p. em dez anos.
Já no 5º ano do Ensino Fundamental, o padrão se repete. Em Matemática, a defasagem entre os dois grupos subiu de 8,6 para 9,5 p.p. Em Língua Portuguesa, a diferença cresceu 0,3 p.p.
No Ensino Médio, a desigualdade racial na aprendizagem também aumentou em Língua Portuguesa: a distância entre os grupos aumentou 2,9 p.p. em dez anos. Em Matemática, embora os resultados gerais sigam baixos, houve leve redução na defasagem.
Veja todos os números detalhados em nosso estudo
O estudo “Aprendizagem na Educação Básica: situação brasileira no pós-pandemia” aponta para progressos relevantes no aumento do percentual de estudantes com níveis de aprendizagem considerados adequados. No entanto, a análise do período pós-pandêmico revela que, embora haja sinais de recuperação, a aprendizagem não voltou aos patamares de 2019.
“Os dados mostram um cenário ainda bastante crítico para a Educação Básica. Temos avanços que precisam ser reconhecidos, mas o contexto geral ainda é de muitos alunos com níveis baixíssimos de aprendizagem. A pandemia intensificou esse quadro e tornou ainda mais urgente e importante que o poder público tenha ações voltadas para a superação dessas defasagens, que muitas vezes são de conhecimentos muito básicos que não foram desenvolvidos. E como sempre, o olhar para a equidade é central. É inadmissível que o país não tenha conseguido, em uma década, reduzir as enormes diferenças de aprendizagem entre estudantes de diferentes grupos raciais e socioeconômicos”, avalia Gabriel Corrêa, diretor de Políticas Públicas do Todos Pela Educação.
A análise completa considera o desempenho dos estudantes do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio. O estudo analisou as desagregações por raça/cor, nível socioeconômico, redes de ensino pública e privada, e pelas unidades da federação e em municípios de grande porte, num panorama detalhado da aprendizagem no Brasil.
UFs e grandes municípios
Nas análises dos resultados de aprendizagem do Saeb por Unidade da Federação, o que mais chama atenção é o aumento da quantidade de estudantes que apresentaram aprendizagem abaixo do básico em 2023, em comparação a 2019.
O estudo também apresenta resultados da rede municipal de um grupo de 46 municípios de grande porte, composto pelas 26 capitais dos estados e outros 20 municípios cuja população é maior que 500 mil habitantes. Neste grupo, foram considerados os resultados para o 5º e o 9º ano do Ensino Fundamental nas redes municipais. A maioria registrou queda no percentual de alunos com aprendizagem adequada entre 2019 e 2023, especialmente em Matemática, área do conhecimento em que o recuo foi mais acentuado. Apesar desse cenário predominante de declínio, alguns municípios, como Vitória (ES) e Goiânia (GO), conseguiram avanços relevantes, em ambas disciplinas e etapas analisadas.
Aprendizagem Adequada e Abaixo do Básico
O Todos Pela Educação definiu, em 2006, a partir de correspondências entre o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) e o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), pontos de corte no Saeb equivalentes ao desempenho em Matemática e Língua Portuguesa que poderiam ser considerados um nível adequado para as diferentes etapas de ensino.
Para análise da aprendizagem considerada “Abaixo do Básico”, o Todos Pela Educação adota como referência os pontos de corte utilizados pelo Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). Esta definição do nível Abaixo do Básico baseia-se em uma abordagem metodológica análoga àquela utilizada na construção do indicador de aprendizagem adequada, ou seja, a partir de equivalências com o Pisa.
Entenda os conceitos completos de “Aprendizagem Adequada” e “Aprendizagem Abaixo do Básico” aqui
Fonte: Todos Pela Educação
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