Estudo encontra microplásticos em placentas de gestantes brasileiras

Estudo encontra microplásticos em placentas de gestantes brasileiras

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Um estudo inédito realizado pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) encontrou microplásticos em placentas e cordões umbilicais de gestantes brasileiras.

Publicado na última 6ª feira (25/7) na revista Anais da Academia Brasileira de Ciências, esse é o primeiro estudo do tipo realizado na América Latina e o segundo no mundo a detectar as partículas em cordões umbilicais.

O projeto analisou amostras de dez gestantes atendidas pelo SUS nos hospitais Professor Alberto Antunes e Hospital da Mulher Dra. Nise da Silveira, em Maceió. Coletadas após os partos, entre junho e outubro de 2023, os tecidos foram imersos em solução com hidróxido de potássio, que tem capacidade de dissolver o material, separando as micropartículas.

Depois, as sobras foram filtradas e analisadas para identificação da composição química. Como a Folha detalhou, foram encontradas 229 partículas de microplásticos, sendo 110 presentes nas placentas e 119 nos cordões umbilicais. O polietileno, comum em embalagens plásticas, foi o polímero mais detectado, seguido da poliamida, comum em tecidos sintéticos.

A análise revelou maior presença de microplásticos nos cordões umbilicais, o que indica que as partículas atravessaram a barreira placentária e chegam até o feto. A descoberta preocupa os pesquisadores que buscam entender os possíveis impactos da contaminação no desenvolvimento e saúde da criança.

“O plástico é um produto estranho para o corpo, então o que esperávamos, como estudiosos da área, é que a placenta, uma baita barreira, complicasse isso, para que não chegasse ao feto”, disse Alexandre Urban Borbely, professor da UFAL e coordenador do estudo, ao Valor.

O pesquisador também afirmou que a poluição marinha é a principal origem da contaminação. “Maceió tem uma rica cultura marítima, onde peixes, mexilhões e caranguejos são comumente consumidos pela população”. O estudo indicou que 75% do lixo na orla da cidade é composto por plásticos.

Como a análise foi feita em apenas 40 gramas de placenta e 40 gramas de cordão umbilical, os pesquisadores estimam que a presença real das substâncias por órgão seja ainda maior. O estudo agora busca ampliar a quantidade de amostras e de populações de gestantes.

Agência Brasil e CBN também destacaram o estudo. Em Tempo: O Guardian chamou atenção para a “infiltração total” da indústria do plástico nas negociações do tratado global para redução da poluição plástica. Participantes relatam episódios de assédio e intimidação por representantes do setor. O nível de influência dos poluidores está não só dentro das negociações, mas também no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), órgão supervisionador das reuniões. As negociações do Tratado de Plásticos serão retomadas em agosto em Genebra, na Suíça, após não terem conseguido chegar a um acordo na quinta rodada de dezembro passado.

 

Fonte: ClimaInfo

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