FENAJ propõe estratégias urgentes para enfrentar a violência contra jornalistas no Brasil

FENAJ propõe estratégias urgentes para enfrentar a violência contra jornalistas no Brasil

Compartilhe

A presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Samira de Castro, defendeu uma agenda urgente de proteção à liberdade de imprensa no Brasil, no 20º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, realizado em Sãp Paulo pela Asspciação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Entre as medidas propostas estão o fortalecimento do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH), o enfrentamento ao assédio judicial, a garantia de apoio jurídico e psicológico às vítimas, e a mobilização das entidades de classe e da sociedade civil.

“Não podemos naturalizar a violência contra jornalistas. Cada ataque precisa ser denunciado e combatido com firmeza”, afirmou a dirigente nacional, que participou da mesa.

A apresentação ocorreu durante a mesa “No front da informação: estratégias para combater a violência contra jornalistas”, e contou com a participação de Dandara Rudsan (Assessora no Centro de Referência Legal da Artigo 19 Brasil e América do Sul) e Rafaela Sindderski (Jornalista de dados, pesquisadora na Abraji e secretaria do Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas). A mediação foi da jornalista Angelina Nunes (ex-presidente da Abraji no biênio 2008-2009 e membro do International Consortium of Investigative Journalists).

Samira de Castro destacou parte dos dados do Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa 2024, que apontam uma queda de 20,44% nas agressões registradas (144 casos, contra 181 em 2023), mas também um crescimento alarmante das tentativas de censura e do uso do Judiciário para intimidar profissionais da imprensa.

“O número de agressões físicas caiu, mas vimos crescer a censura judicial e o assédio jurídico como formas de silenciamento. É uma violência mais sutil, mas igualmente danosa”, alertou Samira. Segundo o relatório, os casos de censura dobraram no último ano, passando de 5 para 11, enquanto os episódios de assédio judicial somaram 23 ocorrências, representando cerca de 16% do total de casos.

Samira também fez um chamado direto ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania para que o PPDDH seja fortalecido e atuante na proteção de jornalistas ameaçados. “Jornalistas são também defensores de direitos humanos, e o Estado precisa reconhecer isso com ações efetivas, garantindo segurança, apoio e resposta institucional à altura das ameaças”, cobrou.

O relatório da FENAJ também evidencia que os principais agressores continuam sendo políticos, assessores e militantes — especialmente ligados à extrema direita — responsáveis por mais de 40% dos ataques. A maior parte dos casos ocorreu entre maio e outubro, período de campanhas eleitorais, sendo julho o mês mais violento para a categoria.

A divisão regional dos casos mostra o Sudeste à frente com 38 registros, seguido por Nordeste (36), Sul (31) e Norte (22). O Centro-Oeste teve uma redução expressiva (de 40 para 17), embora a FENAJ alerte para possível subnotificação, sobretudo na região Norte e fora dos grandes centros urbanos.

 

Fonte: Fenaj

Para mais notícias sobre Políticas Públicas de Comunicação, acesse aqui.