UNCTAD: 3,4 bilhões de pessoas vivem em países que gastam mais com o pagamento de juros do que com saúde ou educação

UNCTAD: 3,4 bilhões de pessoas vivem em países que gastam mais com o pagamento de juros do que com saúde ou educação

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A dívida pública global atingiu um recorde histórico de US$ 102 trilhões em 2024, ante US$ 97 trilhões em 2023, de acordo com o relatório “A World of Debt 2025”, publicado em 26 de junho pela ONU Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).

A dívida pública pode ser uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento. Os governos a utilizam para investir em seus povos e economias – e pavimentar o caminho para um futuro melhor. Mas quando a dívida cresce demais ou se torna muito cara, ela se transforma em um fardo. Essa é a realidade atual de grande parte do mundo em desenvolvimento.

Hoje, um total de 3,4 bilhões de pessoas vivem em países que gastam mais com juros da dívida do que com saúde ou educação.

Os países em desenvolvimento estão arcando com os custos mais pesados. A dívida pública dos países em desenvolvimento cresceu duas vezes mais rápido que a das economias avançadas desde 2010, atingindo US$ 31 trilhões.

Mais importante ainda, os custos da dívida continuam desproporcionalmente altos, reduzindo os recursos para gastos de desenvolvimento tão necessários. Somente em 2024, os países em desenvolvimento gastaram US$ 921 bilhões em pagamentos de juros – um aumento de 10% em relação a 2023.

Desde 2020, os países em desenvolvimento têm contraído empréstimos a taxas médias duas a quatro vezes mais altas do que as dos Estados Unidos, dificultando o investimento em desenvolvimento sustentável.

Um total de 61 países alocou mais de 10% de suas receitas governamentais para juros da dívida em 2024.

A reforma é urgente

Os países em desenvolvimento não devem ser forçados a escolher entre o serviço de suas dívidas ou o atendimento à sua população. Há uma necessidade urgente de reformar a arquitetura financeira internacional. Isso inclui:

  • Tornar o sistema mais inclusivo e orientado para o desenvolvimento
  • Aumentar a disponibilidade de liquidez em tempos de crise
  • Criar um mecanismo eficaz de liquidação da dívida que resolva as deficiências atuais
  • Fornecer mais e melhores financiamentos concessionais e assistência técnica para ajudar os países a enfrentar o alto custo da dívida

A 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento (FFD4), que acontece de 30 de junho a 3 de julho em Sevilha, na Espanha, é uma oportunidade crítica de tornar a reforma da arquitetura financeira internacional uma realidade.

Para saber mais, acesse a página interativa do relatório “Um Mundo Endividado 2025” e acompanhe a cobertura especial da ONU News em português: https://news.un.org/pt/events/quarta-conferencia-internacional-sobre-financiamento-para-o-desenvolvimento 

 

Fonte: ONU Brasil

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