10% das crianças no Maranhão estão obesas e com sobrepeso, aponta pesquisa

Veículo: Globo.com - BR
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No Maranhão o número de crianças obesas já é maior do que a desnutrição infantil, de acordo com os dados da Pastoral da Criança. Das 30 mil crianças maranhenses que são avaliadas pelo grupo, 3% estão obesas e quase 7% delas estão com sobrepeso.

Os dados foram processados por meio de um aplicativo usado pela Pastoral da Criança, que avalia o modo como as crianças estão se alimentando. As agentes conferem o peso e a altura das crianças, e em seguida, os dados são processados com o resultado final. O acompanhamento é realizado desde a gestação.

“Muitas vezes a pessoa não percebe que seu filho está passando por essa falta de nutrientes, falta de alimentação na sua casa. E ai muitas vezes a mãe dá certos alimentos que causam obesidade”, explica Adriana Aleixo, coordenadora da Pastoral da Criança no Maranhão.

Dona Gerusa, mãe de Carlos Antônio descobriu que o filho estava com sobrepeso aos sete meses. A criança deixou de mamar aos quatro meses e desde então, ele se alimenta com mingau feito a base de água e farinha de mandioca. Ao alimentar o bebê com a mistura, a mãe não desconfiava que a criança pudesse estar com risco de se tornar obeso.

As agentes da Pastoral da Criança, que completa este ano 35 anos de atuação no Maranhão, estão preocupadas com os números que são obtidos ao longo dos anos, já que a obesidade pode levar as crianças a desenvolverem doenças como o diabetes.

Fome oculta

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a fome oculta afeta 1/3 da população mundial. O problema consiste na falta de vitaminas e minerais no organismo das crianças, que pode ocasionar no desenvolvimento de doenças graves. De acordo com a OMS, essa parte da população não tem acesso à comida como verduras e legumes, que são essenciais para o desenvolvimento saudável do ser humano.

O drama da fome nas regiões mais pobres do planeta, tem despertado o interesse de voluntários que tentam mudar o modo como as pessoas comem. No Maranhão, um projeto financiado pelo Banco Mundial e pela Fundação Bill e Melinda Gates, donos da empresa Microsoft, tem ensinado famílias de 30 municípios do estado a plantar e colher alimentos biofortificados e ricos em nutrientes.

Legumes como a batata, são enriquecidos e após a colheita é possível perceber a diferença. A cor alaranjada representa que aquele legume tem dez vezes mais betacaroteno, um poderoso antioxidante bem mais nutritivo que batatas comuns. Além do Maranhão, a experiência tem sido realizada nos estados do Piauí e Rio Grande do Sul e deve servir de modelo para projetos que serão implantados no Caribe.

A mudança tem agradado as famílias maranhenses que tem reaprendido como se alimentar da maneira correta. “As verduras e os legumes com mais vitaminas são os melhores. Fica até melhor para o nosso bolso, em vez de comprar, o que nós consumimos já tem a vitamina”, disse o lavrador Antônio Rodrigues.