Desejo de alunos do ensino médio é ter aulas dinâmicas e interessantes

Veículo: O Tempo - MG
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Não importa se o estudante do ensino médio está em uma escola pública ou em uma unidade particular, o que esses jovens querem são aulas mais dinâmicas, interessantes e que os façam gostar do conteúdo oferecido. Na última semana, O TEMPO conversou com cinco alunos do Colégio Nossa Senhora das Dores, no bairro Floresta, na região Leste da capital, e outros cinco da Escola Estadual Governador Israel Pinheiro, o Estadual Central, no Centro-Sul da cidade. Mesmo com realidades e infraestruturas diferentes, todos destacaram a insatisfação com o atual modelo dessa etapa de ensino. O mesmo resultado está na pesquisa Repensar o Ensino Médio, divulgada no último mês pela ONG Movimento Todos Pela Educação.

“O mais importante é o acesso a aulas mais didáticas, mais interessantes, porque a gente tem uma rotina muito pesada. Então, com uma aula mais extrovertida, a gente presta mais atenção”, diz a estudante Camila Pinho, 16, aluna do terceiro ano do Colégio Nossa Senhora das Dores.

No Estadual Central, os alunos reclamam que as aulas não saem do roteiro tradicional, que inclui o quadro negro e a explanação do professor. “Em aulas interativas, você aprende mais. Tem professores que dentro de sala só falam, só escrevem. Aí você olha para o lado, conversa com seu colega e não aprende nada. Se for uma coisa que você goste, você aprende mais”, diz Daniel Lourenço, 15, que está no primeiro ano do ensino médio. “Nossa escola é o normal de sempre. Quadro, canetão e só”, completa Nycolle Gomes, 15, também estudante do primeiro ano.

Aluno debatem o que querem do ensino

Tecnologia

Para 54,6% dos estudantes entrevistados para a pesquisa Repensar o Ensino Médio, os laboratórios de informática são os itens menos satisfatórios nessa fase da educação. O número, no entanto, reflete não só as falhas no uso da tecnologia para o desenvolvimento pedagógico como também o abismo que ainda há entre escolas públicas e privadas.

No Colégio Nossa Senhora das Dores, que é privado, os alunos têm acesso a tablets e laboratórios de informática. Todas as salas são equipadas com projetores e um aplicativo para celular exibe notas e outras informações da vida escolar para pais e estudantes.

A situação é bem diferente no Estadual Central, onde os alunos reclamam que os laboratórios estão sempre fechados. “Vemos os laboratórios fechados, mas nunca entramos para ver como é. Nunca tivemos aula neles. Nós temos laboratórios, mas eles não são usados”, relata Ágata Silva, 16.

O diretor do Estadual Central, João Pereira Neto, admite que a escola tem o laboratório, mas não um monitor de informática. No entanto, são apenas 30 computadores para 2.050 alunos. “O acesso à informática é determinante no processo de aprendizado do aluno. É uma demanda que temos aqui”, avaliou Neto, que está há apenas duas semanas no cargo.

Saiba mais

Reforma. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), atualmente em elaboração, deve prever um novo currículo escolar baseado em cinco áreas, chamadas de “itinerários formativos”: linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e sociais aplicadas; e formação técnica e profissional.

Ensino. As escolas, pela reforma, não são obrigadas a oferecer aos alunos todas as cinco áreas, mas deverão ofertar ao menos um dos itinerários formativos. Cabe aos sistemas de ensino se reorganizarem para se adequarem à lei.