‘Estamos criando analfabetos motores’

Veículo: Folha de S. Paulo - SP
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Crianças brasileiras das classes média e alta estão mal preparadas para o esporte e sem vontade de se exercitar. Os pais e as escolas não ajudam, assegura Luiz Roberto Rigolin, autor de Desempenho Esportivo: Treinamento com Crianças e Adolescentes. Doutor em educação física com pós-doutorado em filosofia pela USP (Universidade de São Paulo), Rigolin dedica-se à formação de atletas e preocupa-se com o desenvolvimento das habilidades físicas na infância. “A prática de exercícios resulta do desenvolvimento motor, processo que começa desde que a criança nasce. Ela precisa experimentar todas as possibilidades de movimento para desenvolver habilidades físicas. Hoje tem menos oportunidade de fazer isso. Estamos criando uma geração de analfabetos motores”, afirma.

Medos – O especialista elenca os principais responsáveis pelo problema. “A grande preocupação dos pais é com a segurança. Têm medo de soltar o bebê, ele pode se machucar. Quando o filho começa a crescer, não pode brincar na rua, por causa do risco de assalto…O outro elemento é a tecnologia. Com os brinquedos tecnológicos a criança desenvolve várias habilidades cognitivas, sem dúvida, mas muito pouco da parte motora. E as escolas também não querem ter problemas com pais preocupados em proteger os filhos, então dão poucas opções para a criança experimentar seu corpo de forma mais solta, quando o risco de se machucar é maior”, explica.

Temas deste texto: Educação - Esportes & Lazer