Método educacional afirma que os bebês estão prontos para aprender
Muito verde, pouco barulho, salas iluminadas e crianças que buscam aquilo que lhes chama mais atenção, que as impulsiona. Na sala da escola, Gabriel, um ano e sete meses, sobe e desce a escada, pega os encaixes de montar, brinca com uma colega. Tudo está ao seu alcance, preparado para que ele encontre o que necessita para desenvolver sua cognição, seus movimentos motores. Essa preparação o fará independente e preparado para a vida prática.
Na escola onde Gabriel estuda, chamada Casulo, a educação é baseada no Método Montessori, criado por Maria Montesori. Conforme o conjunto de teorias, práticas e material didático elaborado, o desenvolvimento das crianças está baseado na mente absorvente e nos períodos sensíveis. “De zero a três anos, essa absorção acontece de uma forma inconsciente. A criança vai recebendo e vai acumulando. Não tem nenhum filtro para dizer o que quer, por isso o cuidado que se deve ter em oferecer experiências de qualidade nessa primeira fase da vida”, analisa a psicóloga Andreza Paladino.
Conforme Andreza, a inteligência faz parte do desenvolvimento natural do indivíduo, e o movimento do corpo, do organismo, terá papel fundamental. “Quando você trabalha o movimento da criança, você está trabalhando a inteligência dela. Montessori fala que as mãos são o instrumento da inteligência”, cita Andreza. E movimentar-se, estar em um local onde ele possa se levantar, tentar, cair – com segurança – a fará desenvolver a aprendizagem.
“Se ela quer a bola, vai engatinhando até ela, sem que tenha um adulto que diga ‘você quer a bola, pois tome’. Ela deseja e vai em busca da realização. Isso trabalha autonomia, independência, capacidade de avaliar uma situação (se ela vai conseguir ou não) e a vontade (se ela quer muito, ela engatinha para pegar)”, detalha a psicóloga. É nesse percurso entre o desejo e a bola que o bebê calcula distâncias e contorna obstáculos.
Os estímulos, de acordo com o método, estão no ambiente, que fará com que o bebê busque o que o interessa. “Montessori diz que a criança tem um guia interno, uma energia propulsora que faz com que ela busque se desenvolver, fazer contatos”, afirma Andreza.
Independência
A mãe do Gabriel, Érica Bessa, conta que se surpreendeu quando permitiu que o filho tivesse mais possibilidades de explorar e utilizar suas capacidades. Como no dia da reportagem, quando ele pegou a blusa do pijama e a vestiu sozinho. “O pai me contou e eu ‘ah, porque tu não filmou?’”, ri. A escola ajudou nesse processo. Antes da sala de aula, no início deste ano, ele ficava com uma babá.
“Eu ficava apreensiva porque ela queria fazer tudo por ele. Ele já querendo pegar o talher e ela insistia em botar na boca”, pontua Érica. Segurar o copo, usar o garfo, demonstrar os gostos, o temperamento. A mãe conta o que lhe salta aos olhos quando avalia o desenvolvimento do seu bebê: “A gente pensa que ele não está prestando atenção, mas estão, e em tudo. O Gabriel sabe o que é meu, o que é do pai, até o lado da cama que cada um dorme”.