Pandemia de Covid-19 afeta gravemente direitos das crianças no mundo, diz ONG

Veículo: Globo.com - BR
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Os direitos das crianças são "gravemente afetados" pela crise da provocada pela pandemia de Covid-19 em quase todo o mundo, alertou nesta terça-feira (26) a KidsRights, uma ONG internacional ONG de defesa dos direitos infantis.

As consequências econômicas da pandemia e as medidas impostas pelos governos para conter a propagação da doença "têm um impacto desastroso sobre muitas crianças", advertiu a ONG que tem sede em Amsterdã, na Holanda.

O fechamento de escolas, que ocorreu em 188 países e afeta 1,5 bilhão de crianças e adolescentes, deixa menores "muito vulneráveis" ao trabalho e ao casamento infantil e à gravidez precoce. "Esta crise joga por terra anos de progresso no bem-estar das crianças", assinala em comunicado o fundador e presidente da ONG, Marc Dulleart.

A pressão sobre o sistema de saúde também interrompeu alguns programas de imunização contra doenças como poliomielite e sarampo, e "provocará um aumento da mortalidade infantil, com centenas de milhares de mortes adicionais", afirma a KidsRights.

A suspensão das campanhas de vacinação contra o sarampo em 23 países já afetou mais de 78 milhões de crianças menores de 9 anos, segundo a ONG.

Citando uma estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU), a ONG alerta que entre 42 e 66 milhões devem cair no patamar da pobreza extrema por causa da crise.

Dulleart destaca que dispensar uma atenção especial aos direitos das crianças é “mais necessário do que nunca".

“Enquanto os governos estiverem lutando para manter o sistema de saúde e a economia em funcionamento, é questionável até que ponto eles serão capazes de ter esse foco [de proteger os direitos das crianças]. Deixar de lado a proteção das crianças pode ser desastroso a curto prazo, mas, mais ainda a longo prazo, tanto para a geração atual quanto para a futura”, afirma.

Brasil é 102º no ranking

O KidsRights Index 2020 classifica 182 países segundo o respeito a direitos das crianças. A Islândia ocupa o 1º lugar na listagem anual, sobre a base de dados da Organização das Nações Unidas (ONU), seguida da Suíça e Finlândia. O Brasil aparece em 102º lugar, ficando atrás de países como o Irã (101º), Suriname (94º), Rússia (87º), Argentina (81º), Paraguai (66º).

Chade (182º), Afeganistão (181º) e Serra Leoa (180º) ocupam os últimos lugares.

O índice leva em consideração critérios como: direito à vida, à saúde, à educação, à proteção e se o país tem um ambiente favorável aos direitos da criança.