Sem qualquer limite de responsáveis, 56% de crianças e adolescentes brasileiros usam internet, aponta pesquisa

Veículo: O Globo - RJ
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crianças e adolescentes usam internetA nova edição da TIC Kids Online Brasil, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), revela que mais da metade das crianças e adolescentes usam a internet sem limitação de tempo determinada pelos responsáveis. De acordo com o levantamento, 56% dos ouvidos afirmaram que nunca ou quase nunca deixam de usar a Internet porque seus pais ou as pessoas que cuidam da criança ou adolescente o(a) impedem; 29% afirmaram que isso acontece às vezes e somente 15% responderam que sempre ou quase sempre são impedidas de usarem tanto quanto quiserem.

A 9ª edição da pesquisa TIC Kids Online Brasil entrevistou presencialmente 2.604 crianças e adolescentes com idades entre 9 e 17 anos, assim como seus pais ou responsáveis, em todo o território nacional. As entrevistas aconteceram entre junho de 2022 a outubro de 2022. O estudo apresenta tendências quanto ao acesso e o uso de tecnologias de informação e comunicação (TIC) por crianças e adolescentes.

De acordo com a pesquisa, 92% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos usaram a internet em 2022. O levantamento também mostrou que o Tik Tok é mais usado pelo público de 9 a 12 anos e o Instagram pelo de 13 a 17 anos. Outra descoberta é o abandono do Facebook. Em 2021, 66% usavam a rede social. Esse patamar caiu nos dois anos seguintes e chegou a 47%.

No entanto, há, segundo a pesquisa, usos desiguais. Entre as crianças e adolescentes usuários de Internet, 39% daqueles pertencentes às classes DE, 30% da C e 18% das AB reportaram que “sempre ou quase sempre” sentem a velocidade da conexão ficar ruim. Já 22% disseram que “sempre ou quase sempre” ficam sem Internet porque os créditos do celular acabaram. A proporção foi 15% para usuários das classes AB, de 19% para os entrevistados da classe C, e de 28% para os das classes DE. Além disso, 25% dos usuários das classes DE alegaram ter deixado de fazer alguma atividade online com medo de os créditos terminarem.

— A questão central não é apenas ter acesso à Internet ou não, mas que crianças e adolescentes brasileiros tenham condições de acesso apropriadas para uma conectividade significativa, que lhes permita desenvolverem habilidades digitais e se beneficiarem da participação online. O limite no acesso pode restringir direitos fundamentais dessa população na sociedade da informação — analisa o gerente do Cetic.br|NIC.br, Alexandre Barbosa.

‘33% vivenciaram alguma situação desconfortável’

Coordenadora da pesquisa TIC Kids Online Brasil, Luísa Adib afirma que proteção de crianças passa pelo desenvolvimento de habilidades para o uso dos ambientes virtuais e que 33% dos usuários de internet de 9 a 17 anos vivenciaram alguma situação desconfortável.

Como proteger as crianças para a utilização segura da internet?

Há fatores que podem ser considerados para que, ao participarem do ambiente online, crianças e adolescentes possam aproveitar as oportunidades online e contribuem para que os esses riscos nesse ambiente não incorram em danos. Um desses fatores é o desenvolvimento de habilidades, e há uma série de habilidades medida durante a pesquisa. Habilidades informacionais, que é como eles acessam conteúdos e são críticos em relação a esse conteúdo acessado; como elas se relacionam e interagem com as redes de contato; a percepção sobre o ambiente, como ela entende o funcionamento dele e a forma como o conteúdo é disseminado. Apresentamos, pela primeira vez neste ano, questões sobre privacidade. Estratégias para proteger a privacidade para que a criança e o adolescente tenham as informações e os dados pessoais que compartilham protegidos e consigam também participar e interagir criticamente nesses ambientes digitais.

Vocês conseguem aprofundar o dado de que 33% viram algum perigo na internet? Quais situações?

A pesquisa registrou que 33% dos usuários de Internet de 9 a 17 anos reportaram ter acontecido algo na Internet de que não gostaram, os ofenderam ou chatearam. Não questionamos sobre as situações específicas, mas investigamos se a criança e o adolescente já passaram por alguma situação ofensiva ou incômoda no ambiente online, considerando os possíveis riscos de participar desses ambientes. Além da situação vivenciada, questionamos também se eles compartilharam sobre essa experiência com alguém. A pesquisa mostrou que 7% dos meninos e 13% compartilharam com os pais ou responsáveis. As maiores proporções são daqueles que compartilham com pares – algum amigo ou amiga.

Quais impactos vocês conseguem projetar dessa migração consolidada de uso das redes do facebook para o Tik Tok?

O que observamos na pesquisa é que as faixas etárias mais novas ocupam as redes mais recentes em maiores proporções. O Tik Tok, que é a rede mais recente que investigamos, é a principal rede de acesso dos usuários de 11 a 12 anos. O Instagram é a principal rede dos usuários de 13 a 14 anos e de 15 a 17 anos. Vale enfatizar que Tik Tok e Instagram são redes que estimulam o compartilhamento de conteúdo audiovisual, que estão entre as atividades que esses grupos mais realizam online e os conteúdos que mais consomem.

Para saber mais sobre o direitos das crianças, conheça a newsletter Infância na Mídia.