Vacinação infantil despenca no DF e acende alerta sobre volta de doenças

Veículo: Metrópoles - DF
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Doses de imunizantes contra poliomielite, hepatite e febre amarela estão na lista dos imunizantes que deixaram de ser procurados

Em 22 anos, a cobertura vacinal de imunizantes previstos no calendário infantil caiu de quase 100% para a casa dos 70% no Distrito Federal. Doses contra doenças, como poliomielite, hepatite B e febre amarela, estão na lista de vacinas que deixaram de ser procuradas por pais e responsáveis de crianças na região.

Um levantamento feito pelo Metrópoles com base nos dados da Secretaria de Saúde do DF (SES/DF) mostra que a vacina contra a meningite C, por exemplo, atingiu 118% das crianças menores de 1 ano em 2011. Porém, os números mais recentes, de agosto de 2022, indicam que 77,3% do público-alvo tomou a vacina.

Já a vacina contra a hepatite B, que deve ter a dose inicial administrada nas primeiras 12 horas de vida do recém-nascido, atingiu apenas 75% do público-alvo em 2022, até agosto.

O imunizante que protege contra o rotavírus, uma das principais causas de diarreia grave entre crianças menores de 5 anos, atingiu 76% do grupo-alvo em 2022. Em 2010, a vacina chegou a 86,06% desse público.

Análise e prejuízos

Alexandre Nikolay, pediatra e coordenador da Emergência Pediátrica do Hospital Santa Lúcia, avalia que a queda progressiva na cobertura vacinal pode ocasionar o retorno de doenças consideradas erradicadas atualmente. “Além de surtos de outras que já estavam controladas”, completa.

O especialista reforça que é importante que pais e responsáveis estejam atentos aos cartões de vacina das crianças.

“Algumas doenças têm uma incidência maior no primeiro ano de vida: neste período, algumas doenças têm um curso mais grave, podendo levar à morte. É importante que os pais vacinem seus filhos para que eles produzam anticorpos capazes de protegê-los contra doenças potencialmente fatais ou que gerem sequelas para o resto da vida , como, por exemplo, a poliomielite ou as meningites”, alerta.

Para Alexandre, a Secretaria de Saúde poderia reintegrar pediatras nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). “O especialista em pediatria tem conhecimento e treinamento específico para promover a vacinação e o aleitamento materno, medidas que diminuem a morbimortalidade infantil”, frisa.

Procurada, a pasta afirmou que, diante da baixa procura pela imunização, realizou campanhas de incentivo, como a da multivacinação, e ampliou o acesso aos imunizantes com projetos de busca ativa. Segundo a secretaria, foram 50.251 vacinas aplicadas em ações itinerantes ao longo de 2022 e no começo de 2023, incluindo as ações dos Carros da Vacina.

“A vacinação itinerante envolve também ações extramuros em pontos fixos, como supermercados, shoppings etc. Além disso, por meio do projeto Vacina em Casa, foram aplicadas, entre agosto e a primeira quinzena de dezembro do ano passado, 42.425 doses de imunizantes em pessoas que deixaram de se vacinar contra diversos tipos de doenças”, completou a pasta.

Calendário 2023

Na última semana, o Ministério da Saúde divulgou o cronograma do Programa Nacional de Vacinação de 2023. A campanha começará em 27 de fevereiro e intensificará a imunização contra Covid-19, influenza e poliomielite e sarampo.