Infância na Mídia – 9ª edição

(2000)

Realização:

Esta publicação é uma realização da ANDI e do Instituto Ayrton Senna, com o apoio do Unicef.

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Primeira página

Os aspectos quantitativos expressos nesta nona edição da Pesquisa Infância na Mídia compõem o retrato da consolidação no Brasil de uma cultura jornalística que prioriza a investigação das ações em torno da garantia de direitos à infância e à juventude. Dez anos depois de aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente, desenha-se a existência de um diálogo permanente e mais profissional entre os atores sociais e os jornalistas, entre as organizações governamentais e não governamentais e delas com as empresas de comunicação quando fatos e idéias dizem respeito ao universo da
formação das novas gerações. Há uma espécie de exigência mútua por informação de qualidade, por liberdade de investigação e por espírito de co-responsabilidade social. Um meio infl uencia o outro. Eles inspiram-se uns
aos outros.

Se o Estatuto exigia (exige) um novo olhar sobre a criança e o jovem, a imprensa brasileira soube ao mesmo tempo reconstruir seu próprio olhar enquanto infl uencia a formação de uma nova visão na agenda da cidadania. Mais que isso, percebe que o olhar investigativo que foca sobre a infância é o portal para as raízes mais estruturais dos problemas e das soluções nacionais – sendo facilitador do debate social e, por isso mesmo, pauta estratégica.

Neste ano, quando o Estatuto da Criança e do Adolescente completa 10 anos, haverá ainda mais razões para que a mídia investigue os motivos dos sucessos e insucessos da sua implementação. É também uma oportunidade histórica de se colocar, na agenda da sociedade, a necessidade de realizarações que contribuam para a efetivação do Estatuto.

Não é à toa, portanto, que mais de 48 mil reportagens tenham sido registradas pela ANDI – Agência de Notícias dos Direitos da Infância como publicadas pelos 48 maiores jornais e oito importantes revistas de circulação nacional em 1999, como veremos. E não estão aí as matérias dos cadernos de jornais ou das revistas para adolescentes – alvo de outro estudo, a pesquisa Os Jovens na Mídia.

Para esta edição, os fatos que marcaram o sepultamento do modelo Febem e chocaram o país nos fizeram convidar dois atores sociais a aprofundar a discussão sobre o comportamento da imprensa – Padre Júlio Lancellotti (a voz dos jovens no meio do furacão e dirigente do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente, em São Paulo) e Cesare La Rocca (formulador da Pedagogia do Desejo e presidente do Projeto Axé). É uma entrevista que temos imensa satisfação em publicar.

Estão também nas próximas páginas uma visão sobre a questão da violência nas escolas, que marcou o início do ano pesquisado, e os resultados de dois marcantes eventos em 1999: o Fórum Mídia & Educação – Perspectivas para a Qualidade da Informação (análise promovida por uma aliança de várias entidades e mais de cem personalidades entre educadores, jornalistas e assessores de imprensa) e o 1º Fórum Brasileiro de Imprensa, Terceiro Setor e Cidadania Empresarial, realizado no momento em que se detecta nítidos sinais de mudança na cobertura jornalística sobre o investimento social das empresas privadas.

As refl exões apresentadas pela ANDI nesta edição, primeira da série Mobilização Social publicada pelo Instituto Ayrton Senna, resultam do desejo e da aliança destes parceiros e também do Unicef no sentido de colaborar com os meios de comunicação e com os atores sociais para a construção de uma cultura de informação que, inspirada nos princípios dos Direitos Humanos, possa agregar- se aos esforços por uma agenda comum de combate à exclusão social.

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