Histórico de Projetos

Infância e Adolescência

Concurso Tim Lopes: 4ª Edição – 2008

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A quarta edição do Concurso Tim Lopes de Investigação Jornalística, realizada em 2008, teve como tema “As Políticas Públicas de enfrentamento ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes”. O Concurso premiou seis projetos de reportagem elaborados por jornalistas de diferentes veículos de todas as regiões do país. Os projetos foram divididos nas categorias Mídia Impressa, Rádio, Televisão, Mídia Online e Alternativa. Na categoria Temática Especial poderiam se inscritos projetos de qualquer tipo de veículo que abordasse o tema: “Tráfico de Crianças para Fins de Exploração Sexual”.

Pela qualidade dos projetos, a Comissão Julgadora do Concurso e os parceiros envolvidos na iniciativa, optaram por conceder Menções Honrosas para mais dois projetos, que receberam apoio financeiro do Comitê Nacional de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Já o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), contribuiu para a premiação adicional de um projeto na categoria Mídia Online e Alternativa.

Confira as reportagens elaboradas a partir dos projetos que venceram a 4ª Edição do Concurso Tim Lopes de Investigação Jornalística:

Mídia impressa
Leonencio Nossa e Celso Silva Sarmento Júnior – Jornal O Estado de S. Paulo e Agência Estado (SP)

Eldorados da Exploração Infantil

Crescimento econômico desestruturado favorece o mercado da exploração sexual na Amazônia

O uso de tecnologia avançada na extração de recursos minerais ocasionou grande expansão econômica em algumas cidades da Amazônia. A exemplo do que ocorreu nas décadas de 1970 e 1980, quando a região experimentou crescimentos provocados pela construção da Transamazônica e pelo garimpo de Serra Pelada, parte da riqueza produzida na região sustenta um mercado de exploração sexual comercial de crianças e adolescentes.

Para investigar esta realidade, o jornalista Leonencio Nossa e o fotógrafo Celso Silva Sarmento Júnior percorreram os municípios de Coari (AM), Juruti (PA), Parauapebas (PA), Canaã dos Carajás (PA) e Estreito (MA) para mostrar como o poder público e empresas têm atuado no enfrentamento do problema. Na opinião do jornalista, “foi a oportunidade de discutir a violência sexual de crianças e adolescentes a partir de uma visão política e econômica”.

A reportagem teve como origem uma denúncia de que o dinheiro público e os recursos repassados por empresas às comunidades a título de investimento em promoção social não estão alcançando o seu objetivo, que é proteger crianças e adolescentes da exploração sexual. O combate aos problemas da infância e a promoção de alternativas de renda para jovens, por exemplo, não têm prioridade. A aplicação dos royalties do gás e dos impostos sobre mineração se concentra nos municípios que são sede dos empreendimentos, enquanto nas cidades vizinhas surgem bolsões de miséria formados por migrantes.

“A partir desse trabalho, chegamos à conclusão de que é preciso haver uma política específica para combater a violência sexual contra crianças e adolescentes. Para impedir a exploração não basta uma cidade gerar renda e emprego e receber volumosos recursos. As ações sociais de prefeituras e empresas se limitam, às vezes, a peças de marketing”, alerta Leonencio. “Esperamos que a reportagem publicada pelo jornal e distribuída pela Agência Estado contribua para mudar a realidade das crianças de Coari, Juriti e Parauapebas”, completa.

A série Eldorados da Exploração Infantil foi publicada no jornal O Estado de S. Paulo nos dias 7 e 8 de setembro de 2008 e distribuída pela Agência Estado nos dias 6 e 7 do mesmo mês.

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Televisão
Ana Quezado e Eulália Camurça – TV Verdes Mares (CE)

Pacto de Silêncio

Falta de estrutura do sistema de garantia de direitos favorece a invisibilidade da violência sexual

Dois questionamentos inquietavam as jornalistas Ana Quezado e Eulália Camurça: por que a situação de tantas crianças e adolescentes vítimas de violência sexual parece continuar a mesma, apesar das políticas públicas implementadas? E de que forma a falta de estrutura das instituições oficiais contribui para que casos de violência continuem acobertados pelo silêncio?

A partir dessas perguntas, elas realizaram um amplo trabalho investigativo em diversos municípios cearenses. Descobriram que o problema começa nas delegacias, que apresentam situações completamente inadequadas para receber crianças e adolescentes. Nesses locais, faltam profissionais treinados para lidar com a questão e espaço físico apropriado para não revitimizar meninos e meninas. Além disso, outros aspectos contribuem para que casos de violência sexual contra a população infanto-juvenil sejam silenciados: a carência de equipamentos e pessoal para coletar a prova do crime nos institutos médicos legais, as fragilidades e incompetências do sistema de segurança pública, a existência de uma legislação branda e a ausência de varas especializadas em crimes contra crianças e adolescentes.

As reportagens veiculadas na TV Verdes Mares (CE) enfocaram a qualidade das políticas públicas de atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. Os conselhos tutelares do Ceará sofrem com a falta de formação dos conselheiros e com a ausência de estrutura, como transporte e até ausência de espaço para o desenvolvimento dos trabalhos. Também falta atendimento de saúde, jurídico, psicológico e social para os meninos e meninas vitimados.

Além de veicular as reportagens, a emissora abriu espaço para a realização de debates ao vivo no Jornal do Meio Dia. Participaram destes momentos o secretário de Segurança Pública do Estado do Ceará, o Ministério Público, especialistas e representantes de ONGs. Na maioria das vezes, a tônica da conversa foi a cobrança de soluções para o problema. A série de cinco matérias foi exibida entre os dias 10 e 15 de novembro de 2008.

Assista aos videos sobre a matéria

Parte 1º

Parte 1º – Debate

Parte 2º

Parte 3º

Parte 4º

Parte 5º

Parte 6º

Rádio
Juliana Cézar Nunes, Beth Begonha, Harrison Reis e Alessandra Vasconcelos – Rádio Nacional da Amazônia (DF)

Projetos de combate ao abuso e exploração sexual na região Norte

Enfrentamento da violência sexual na Amazônia exige diversificação de estratégias

Com o objetivo de investigar as diferentes formas de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes que vivem na Amazônia e as soluções que vêm sendo adotadas para combater e prevenir o problema, os repórteres Juliana Cézar Nunes, Beth Begonha, Harrison Reis e Alessandra Vasconcelos visitaram projetos desenvolvidos em diversos estados da região. Foram localizadas experiências que trabalham com realidades muito distintas, como as de comunidades indígenas, ribeirinhas, quilombolas, extrativistas e urbanas.

A pauta que desenvolvemos buscou ressaltar o tema para a própria população da Amazônia Legal, revelando ao mesmo tempo as ações que as comunidades têm desenvolvido para prevenir e combater o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. Além, é claro, de verificar o cumprimento das obrigações do poder público e da rede de denúncia, punição e atendimento”, avalia Juliana Nunes.

A ausência de informações e a dificuldade em abordar a temática nos nove municípios visitados, próximos à região de fronteira do Brasil, Colômbia e Peru (meso regional do Alto Solimões), foram alguns obstáculos para a produção das reportagens. “Há o temor, por parte de algumas lideranças, de que a região fique estigmatizada como violadora dos direitos das crianças e dos adolescentes”, conta Juliana. No entanto, essas barreiras foram superadas e a apuração transformou-se também em um trabalho de troca e diálogo. “As comunidades, interessadas no projeto, solicitaram que as equipes promovessem palestras e oficinas sobre comunicação e direitos das crianças e adolescentes. As lideranças contatadas também se interessaram por conhecer os projetos desenvolvidos em outras comunidades”, relata a repórter.

A série Projetos de combate ao abuso e exploração sexual na região Norte, com cinco reportagens, foi veiculada pela Rádio Nacional da Amazônia entre os dias 17 e 21 de novembro de 2008.

Ouça as reportagens sobre a matéria

 

Maranhão 20 de novembro

Acre 21 de novembro

Mato Grosso 18 de novembro

Pará 17 de novembro

Alto Solimões 19 de novembro

Amazônia Brasileira – 17 de novembro

Programas com Matéria e Debate

PGM 2 – Alto Solimões – 19 de novembro

PGM 3 – Maranhão – 20 de novembro

PGM 4 – Acre – 21 de novembro

Amazônia Brasileira – 22 de novembro – Debate

Mídia online e alternativa
Natália Capillé, Nataly Foscaches e Eranir Martins Siqueira – Portal índio de Papel (MS)

A insuficiência de políticas públicas para o enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes indígenas em Mato Grosso do Sul

Faltam políticas públicas para enfrentar a violência sexual contra crianças e adolescentes indígenas

Mato Grosso do Sul possui a segunda maior concentração de indígenas do Brasil, mas é o campeão nos registros de violência sexual contra essa população. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o estado concentra 63% de tais casos. Desse total, 66% são crimes cometidos contra crianças e adolescentes.

A insuficiência de políticas no estado para o enfrentamento das diversas formas de violência sexual contra meninos e meninas indígenas sensibilizou a jornalista Natália Capillé, do Portal Índio de Papel. “As políticas públicas não estão preparadas para tratarem com a diversidade cultural, este é um fato que precisa ser objeto de uma reflexão no País”, avalia.

A maior dificuldade enfrentada durante a produção da reportagem foi a ausência de dados. “Não há um mapeamento da violência. Só quem possui informações é o CIMI. Até no Sistema de Informação para a Infância e Adolescência (Sipia), utilizado pelos conselheiros tutelares, não há registros, pois se uma criança indígena é vitima de violência ela não é cadastrada como tal, mas como branca ou parda”, lamenta Natália.

A série de reportagens, intitulada A insuficiência de políticas publicas para o enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes indígenas em Mato Grosso do Sul, pode ser acessada no site da organização Índio de Papel: Índio de Papel.

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Mídia online e alternativa
Alinne Abrahão da Conceição, Avelina Oliveira de Castro e Jaqueline Almeida – Revista Viração (SP)

Crimes sexuais: esse assunto é da nossa conta, sim!

As iniciativas de participação juvenil e no enfrentamento da exploração sexual comercial

Uma equipe de jovens comunicadores liderados pela estudante Alinne Abrahão, da Revista Viração, realizou um amplo levantamento de projetos e experiências, mantidos por grupos de protagonismo e participação juvenil de todo o Brasil, com o fim de fazer frente à exploração sexual de crianças e adolescentes. Eles buscaram analisar e descrever como os movimentos de mobilização da juventude brasileira percebem essa grave violação de direitos e até que ponto conseguem alcançar as vítimas e interferir na realidade em que elas vivem.

As equipes de Virajovens – jovens comunicadores que escrevem para a revista Viração – percorreram os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, além das cidades de Fortaleza (CE), Recife (PE), Belém (PA) e Santarém (PA) para conhecer de perto as atividades implementadas pelos jovens e suas organizações.

Com uma linguagem voltada ao público jovem, a reportagem também discorre sobre situações emblemáticas, como as das adolescentes do Norte do País traficadas para a Guiana Francesa e a condição de meninos homossexuais explorados sexualmente em São Paulo em troca de tratamentos estéticos.

Esses aspectos são abordados sem deixar de lado os programas e as políticas públicas desenvolvidas pelos governos nas três esferas (Federal, estaduais e municipais) com ênfase na juventude e no enfrentamento da violência sexual. A reportagem Crimes sexuais: esse assunto é da nossa conta, sim! foi publicada na edição de novembro de 2008 da Revista Viração.

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Temática Especial
Avelina Castro, Jaqueline Almeida e Shirley Penaforte – Jornal da Amazônia e O Liberal (PA)

Traficados, explorados e invisíveis

O drama dos meninos homossexuais vitimados pela exploração sexual comercial

No final de 2007, quando produziu reportagem sobre tráfico de pessoas, a jornalista Avelina Castro se deparou com a história de um adolescente levado do Norte do País para São Paulo. O caso chamou sua atenção para a necessidade de uma investigação aprofundada sobre o tráfico de meninos oriundos de famílias pobres e com orientação homossexual.

Foi assim que surgiu a pauta apresentada na 4ª edição do Concurso Tim Lopes para Projetos de Investigação Jornalística. Ao lado da repórter Jaqueline Almeida e da fotógrafa Shirley Penaforte, Avelina levantou diversos casos de adolescentes do sexo masculino que haviam sido traficados do Pará e explorados sexualmente nas ruas e calçadas do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Durante a apuração, as repórteres sofreram diversas ameaças: tiveram o carro fechado por um dos seguranças do tráfico, foram seguidas durante a noite no trânsito e expulsas de alguns pontos de exploração. No entanto, de acordo com Avelina, a situação mais grave ocorreu ao buscarem entrevistar um garoto em um edifício usado para alojar adolescentes paraenses vítimas do tráfico: dois seguranças do esquema aguardavam as jornalistas no corredor do apartamento. “O clima foi bastante tenso”, conta.

Avelina acredita que o resultado final do trabalho compensou todos os riscos. “A polícia conseguiu prender, dias depois, três travestis acusados de agenciar adolescentes para as rotas de tráfico Belém-São Paulo e Belém-Goiás, ambas denunciadas pela reportagem e ainda desconhecidas pela polícia. Autoridades judiciárias locais também se manifestaram positivamente com relação à reportagem, assim como ONGs que atuam no enfrentamento ao tráfico”, comemora.

A série com cinco reportagens, intitulada Traficados, explorados e invisíveis, foi publicada no Jornal da Amazônia e no jornal O Liberal entre os dias 02 e 06 de novembro de 2008.

Vejas as imagens da reportagem aqui

Menção Honrosa
Luciana Kraemer e equipe – Rede Brasil Sul de Telecomunicações – RBS TV, Jornal Zero Hora e Rádio Gaúcha (RS)

O reverso do desenvolvimento: o impacto das grandes obras na exploração sexual de crianças e adolescentes

Programas de desenvolvimento alimentam exploração sexual comercial em municípios gaúchos e catarinenses

Nos últimos anos, pequenos e médios municípios do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina foram beneficiados com grandes obras, tanto públicas quanto privadas, que consigo trouxeram centenas de trabalhadores. A maioria deles migrou em busca de renda e não desenvolveu vínculos sociais ou afetivos com a comunidade local. Um dos resultados desse processo tem sido a intensificação dos casos de exploração sexual comercial de crianças e adolescentes na região.

A partir desse quadro, uma equipe de 11 profissionais da RBS TV se dispôs a investigar a situação das vítimas – quem são, qual sexo, onde são exploradas, de onde vem – destacar os prejuízos físicos e psíquicos sofridos por elas e mostrar a complexidade cultural do problema, já que o cliente nem sempre tem dimensão do crime que está cometendo ao explorar crianças e adolescentes.

Foram mapeadas dez cidades gaúchas (Gravataí, Rio Grande, Bagé, Candiota, Três Cachoeiras, Três Forquilhas, Torres, Osório, Terra de Areia e Maquiné) e seis de Santa Catarina (Criciúma, Palhoça, Araranguá, Laguna, Garopaba e Tubarão). Além disso, a equipe visitou, em Teresina (PI), A Casa de Zabelê, uma iniciativa da prefeitura para combater a exploração sexual e o trabalho infantil. A proposta era mostrar exemplos de políticas públicas eficazes no enfrentamento à violência sexual.

 

Conteúdo Reportagens Grupo RBS

Reportagens – Jornal Zero Hora

Dia 11 de Novembro

Dia 12 de Novembro

Dia 13 de Novembro

Dia 14 de Novembro

TV RBS
O reverso do desenvolvimento: o impacto das grandes obras na exploração sexual de crianças e adolescentes

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Menção Honrosa
Helena Mader e Érica Montenegro – Correio Braziliense (DF)

Reféns do Abandono

Atendimento oferecido às vitimas de violência sexual é precário

Existe uma rede de atendimento estruturada para as crianças e adolescentes vítimas de abuso e exploração sexual? Que políticas públicas são aplicadas para reparar a violência sofrida por meninas e meninos? O que é feito para que as vítimas restabeleçam o equilíbrio psicológico e retomem suas vidas?

Para responder estas perguntas, as jornalistas Helena Mader e Érica Montenegro percorreram 17 cidades das regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste onde as crianças se encontravam em situação mais vulnerável à violência e onde a rede de atendimento era mais precária. Os locais foram escolhidos a partir de dados da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), de Promotorias da Infância e Juventude, de Conselhos Tutelares e de Centros de Defesa da Criança e do Adolescente.

Para chegar ao resultado apresentado aos leitores, as jornalistas enfrentaram inúmeros riscos. O de mais complexidade foi visitar locais sobre os quais pesavam denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes, como prostíbulos, motéis e casas de massagem. “Em todas as oportunidades estávamos acompanhadas ou de agentes da Vara da Infância e da Juventude ou de assistentes sociais. Ainda assim, fomos hostilizadas várias vezes. Na Praia do Meio, em Natal (RN), fomos ameaçadas por um traficante que agenciava as adolescentes exploradas”, relata Helena.

Leia as reportagens sobre a matéria

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