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Faltam políticas públicas para enfrentar a violência sexual contra crianças e adolescentes indígenas

Mato Grosso do Sul possui a segunda maior concentração de indígenas do Brasil, mas é o campeão nos registros de violência sexual contra essa população. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o estado concentra 63% de tais casos. Desse total, 66% são crimes cometidos contra crianças e adolescentes.

A insuficiência de políticas no estado para o enfrentamento das diversas formas de violência sexual contra meninos e meninas indígenas sensibilizou a jornalista Natália Capillé, do Portal Índio de Papel. “As políticas públicas não estão preparadas para tratarem com a diversidade cultural, este é um fato que precisa ser objeto de uma reflexão no País”, avalia.

Para realização do projeto, Natália contou com a colaboração da repórter Nataly Foscaches. Elas visitaram as aldeias dos kaiowá-guarani nos municípios de Dourados, Antônio João e Caarapó e as aldeias terenas em Miranda, Aquidauana e Anastácio. Nos locais, investigaram a percepção que esses grupos têm sobre as políticas de enfrentamento à violência sexual contra suas crianças e adolescentes, e avaliaram como autoridades, lideranças indígenas, atores do sistema de garantia de direitos e população têm atuado para reduzir a ocorrência desse tipo de crime.

A maior dificuldade enfrentada durante a produção da reportagem foi a ausência de dados. “Não há um mapeamento da violência. Só quem possui informações é o CIMI. Até no Sistema de Informação para a Infância e Adolescência (Sipia), utilizado pelos conselheiros tutelares, não há registros, pois se uma criança indígena é vitima de violência ela não é cadastrada como tal, mas como branca ou parda”, lamenta Natália.

Ao longo do processo de apuração, a jornalista enfrentou o desafio de conquistar a confiança dos kaiowá-guarani. Devido à história de agressões e desrespeito cometidos pela população branca, acredita Natália, eles são um povo extremante desconfiado e fechado. “Foi uma experiência fantástica. Tive a oportunidade de conhecer pessoas interessantes, conhecer a cultura kaiowá-guarani e aprofundar o tema. Tudo isto me proporcionou um crescimento pessoal e profissional, uma grande transformação. Não quero parar por aqui”, conclui.