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Marcelo Canellas

Ser um jornalista amigo da criança é acreditar radicalmente na vocação humanista da profissão. O jornalismo trata das contradições da vida e, como jornalista brasileiro, tenho a obrigação ética de retratar a realidade objetiva do meu país. Talvez uma das prerrogativas mais importantes de meu ofício seja o de zelar pela independência intelectual que me permite, como repórter, olhar o mundo sem a tutela do preconceito e das teses a priori. Tenho o dever de interferir na agenda de cobertura do meio em que eu estiver trabalhando, sugerindo abordagens de interesse público.

Mas estar aberto às surpresas oferecidas pelos fatos não me exime de ser solidário; não há neutralidade possível diante de uma injustiça contra a criança. Meu papel é o de me colocar claramente ao lado das vítimas da violência e da desigualdade, realçando a defesa dos direitos sociais e dos direitos humanos – seja como denúncia ou proposição, seja revelando derrotas ou conquistas inequívocas – porque, além de ser jornalísticamente válido, é socialmente relevante. O desafio diário de desvendar o mundo para além do clichê, da mera aparência dos fatos, é, para um jornalista amigo da criança, uma meta referendada pela ética do cidadão. Tudo o que é importante do ponto de vista da promoção da cidadania pode e deve ser considerada substância informativa, notícia merecedora de existência pública.

Marcelo Canellas
09 de maio de 2024

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