Por Geraldinho Vieira
Charge de Claudius
Seguindo a trilha atribuída a Einstein de que “os problemas do mundo não podem ser resolvidos a partir dos mesmos raciocínios que deram origem a eles”, três anos atrás um grupo de empreendedores sociais que muitas vezes se encontravam em fóruns globais desejaram criar uma dinâmica de encontros e outras oportunidades que pudesse literalmente desafiar sua maneira de pensar o mundo.
A crise que se instalava era um convite a mergulhar para “fora da caixa” e re-inventar o pensamento.
“Esta crise”, disse à época o físico Fritjof Capra, ”foi provocada pela fragmentação, por um jeito de pensar mecanicista, que vê as coisas de forma isolada… Precisamos de pensadores sistêmicos. Alguém que não pense de forma sistêmica não chegará a nenhum tipo de solução…”.
O fim da história do nosso grupo: a idéia entusiasmou todo mundo mas não fomos capazes de manter o sonho vivo e buscar as maneiras de promover nossa própria “lavagem cerebral”. É a vida.
De toda maneira, cada um de nós seguiu com muitas idéias, duas centrais: a hora é de “transformar”, porque “aprimorar” significará tentar fazer o velho sistema seguir funcionando; precisamos conjugar (e não separar) conhecimentos distintos e até antagônicos: a economia com a neurociência e elas com a política e daí para a espiritualidade e desta para a física e com ela a ecologia…
A “reforma do pensamento” é tema bem explorado pelo filósofo e sociólogo francês Edgar Morin. No recomendável “Rumo ao abismo?” (lançado ano passado pela Bertrand Brasil), Morin decreta:
“Há necessidade de um pensamento que religue o que está compartimentado, que respeite o diverso reconhecendo inteiramente o um, que tente discriminar as interdependências… um pensamento organizador ou sistêmico concebendo a relação todo/partes… Jamais na história da humanidade as responsabilidades do pensamento e da cultura foram tão opressivas”.
Entre as chamadas lideranças espirituais, o Dalai Lama vem fazendo belos esforços nesta direção através do Instituto Mind and Life (Mente e Vida), onde os conhecimentos das ciências e do budismo vem desaguando num oceano de importantes insights.
Outro exemplo, na Índia Sri Amma Bhagavan e a Oneness University (Universidade da Unidade) exploram a relação entre meditação, práticas misticas e transformações neurobiológicas: “Nossa mente tem milhões de anos e precisa ser reconfigurada”.
Seguimos, todos e por tantos caminhos, com a responsabilidade de re-inventar esta “babilônia” – para não deixar de invocar Bob Marley.
Re-inventamos a nós mesmos ou…