Missa e marcha em protesto ao assassinato do menino Brayan

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Neste sábado, 06 de julho, às 12h, será celebrada uma missa de 7º dia pela morte do garoto boliviano, Brayan Yanarico Capcha, de cinco anos, assassinado na última sexta-feira (28) em sua casa. A celebração acontece na Igreja Nossa Senhora da Paz, em São Paulo. A participação é aberta a todos que se solidarizam ao momento. Após a missa haverá uma marcha em direção à Praça da Sé para reivindicar a paz na cidade de São Paulo, no Brasil e no Mundo. A organização do evento pede aos participantes da marcha para vestir camiseta branca, levar velas, flores brancas e balões de cor branca como símbolo de paz.

Na madrugada de 28 de junho a casa da família de Brayan foi assaltada. Levaram não só dinheiro, mas a vida da criança, morta com um tiro na cabeça. De acordo com a mãe, o menino implorou pela própria vida. Seus pais e demais parentes vieram à cidade há seis meses, para trabalhar e reunir dinheiro para construir casa na Bolívia. E agora, retornaram na segunda-feira, 1º de julho, com esta perda. As investigações estão em andamento.

A família de Brayan engrossa o grupo de latino-americanos que vêm ao Brasil na esperança de encontrar trabalho e reunir dinheiro para voltar à sua terra natal. Muitos cumprem carga horária exaustiva, moram em locais insalubres, recebem pouco e ainda necessitam arcar com os custos da viagem de vinda. Típicos casos de trabalho escravo, geralmente em confecções de roupas, que envolvem, inclusive, crianças.

Manifestações

Após a morte do menino, cerca de 300 bolivianos tomaram as ruas da Avenida Paulista, em São Paulo, reivindicando a punição dos suspeitos e melhor atuação do consulado no Brasil. Eles também realizaram uma passeata pelas ruas do Brás, bairro onde há concentração de bolivianos trabalhando em confecções.

Uma semana após o crime, o embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Justiano Talavera, defendeu também a ampliação da segurança em áreas onde vivem os bolivianos que migram para o Brasil. "Esperamos uma reação do governo brasileiro, uma reação em dupla direção: a busca pela justiça e a punição e mais proteção nos bairros onde moram os bolivianos porque, geralmente, há ausência policial. Não mataram a criança porque era um menino boliviano. Mataram porque a delinquência não é direcionada aos estrangeiros, mas a todos".

Em entrevista à Agência Brasil, Justiniano Talavera alertou que é preciso redobrar os esforços para tentar uma solução para os bolivianos que são explorados no Brasil. Segundo ele, a desinformação associada ao medo agrava ainda mais a situação.

Ausência do Estado

Em nota, o Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante – CDHIC, integrante da rede Sul-americana Espaço Sem Fronteiras e do Fórum Social pela Integração e Direitos Humanos dos Migrantes no Brasil, afirmou que "toda comunidade da periferia de São Paulo sofre e sente a dor dos pais de Brayan, mas sua morte abre uma cicatriz diretamente na comunidade de imigrantes residentes aqui no Brasil, nos países vizinhos e na Bolívia. Todos se sentem atingidos com a morte de uma criança e o crime contra sua família de trabalhadores imigrantes".

Para a organização, o menino foi vítima da "falta de segurança que atinge toda a periferia e camadas mais pobres da população. A isso se somam a violência policial e a ausência do estado e políticas sociais. A falta de segurança e a violência são problemas estruturais. A população pobre se encontra vulnerável e é mais atingida. Nesse contexto, ao qual se acrescenta o aumento da imigração dos últimos anos, a vulnerabilidade social de imigrantes se amplia, tornando este grupo mais exposto à falta de segurança, à falta de políticas de habitação, oportunidades, acesso a educação e saúde. Ademais, os imigrantes sul-americanos e africanos enfrentam preconceito e racismo, enfim, são duplamente atingidos! Casos como este vêm acontecendo na última década em bairros onde se tem maior concentração de imigrantes".

Governo se posiciona

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, convocou no dia 2 uma reunião extraordinária para discutir medidas de proteção aos estrangeiros que vivem no Brasil. O encontro foi agendado após o assassinato do garoto boliviano Brayan, de cinco anos. Integrantes da Comissão para Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) e do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) vão analisar medidas para dar mais proteção e garantia de direitos aos estrangeiros que buscam oportunidades no Brasil. “O assassinato do Brayan foi o ato de mais completa desumanidade que eu vi recentemente. Não vou mais me perguntar o que move um ato desses, que é a total desvalorização da vida, mas sim o que podemos fazer para aumentar a segurança e as garantias das pessoas que vêm procurar oportunidades no Brasil”, disse a ministra.

Serviço:

Missa de 7º dia do menino Brayan
Data:
06 de julho de 2013 (sábado)
Hora: 12hLocal: Igreja Nossa Senhora da Paz
Endereço: Rua do Glicério, 225 – Liberdade, São Paulo (SP).
 

(Fontes: ANDI, Agência Brasil e Brasil de Fato)