UNICEF faz saldo positivo da proteção de crianças e adolescentes durante a primeira semana da Copa
Preocupados com as possíveis vulnerabilidades aos direitos das meninas e meninos durante a Copa do Mundo, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), junto com o governo brasileiro e a iniciativa “Save the Dream”, idealizaram a campanha “Está em suas mãos proteger nossas crianças” para prevenir casos de violência e descriminação durante esse megaevento.
Nessa sexta-feira (20), representantes da campanha se reuniram com a imprensa no Rio de Janeiro para fazer um balanço positivo do primeiro mês de funcionamento dessa iniciativa.
“Tínhamos uma preocupação legítima de que a Copa pudesse aumentar a violência já existente contra as crianças no Brasil durante a Copa do Mundo”, disse Casimira Benge, chefe do Programa de Proteção do UNICEF no Brasil. “No entanto, vimos que a Copa representa também uma oportunidade de mobilização social e uma chance de fortalecer o sistema institucional para proteger as crianças.”
Segundo Benge, o UNICEF, em articulação com o Governo brasileiro e o Save the Dream – uma iniciativa do Centro Internacional de Segurança Esportiva e o Comitê Olímpico do Catar –, idealizaram uma campanha que não só respondesse às necessidades de proteger as crianças durante esse evento esportivo, mas que fosse “uma estratégia sustentável e duradoura que deixasse o Brasil preparado para o futuro na proteção às crianças e adolescentes quanto a qualquer tipo de violência”.
Trinta mil downloads de aplicativo
A representante do UNICEF detalhou que, desde o dia 18 de maio, lançamento oficial da campanha, a campanha recebeu uma grande adesão, com mais de 3,8 mil ligações para o Disque Direitos Humanos (Disque 100) e outras organizações que protegem os direitos das crianças e adolescentes para registrar casos de violações aos seus direitos.
Outros 30 mil usuários de smartphones e tablets fizeram download do aplicativo “Proteja Brasil”, uma ferramenta que reúne informação útil sobre oito tipos de violência aos direitos das crianças e adolescentes, além de fornecer indicação dos lugares mais próximos para reportar violações a esses direitos.
Além disso, a organização estima que um total de 40 milhões de pessoas teve contato com a campanha, através do aplicativo, peças publicadas online e outras ações específicas, como o envio de SMS e transmissão de mensagens de sensibilização nos voos comerciais e monitores de hotéis.
Até o momento, os representantes afirmaram que não há um registro de aumento na violência contra crianças e adolescentes durante a Copa do Mundo, um fato que atribuíram ao trabalho de mobilização, informação e articulação existente entre os poderes públicos, a sociedade civil e organizações internacionais.
“Essa articulação possibilitou a convergência de uma agenda positiva para a proteção a infância no Brasil”, disse Alexandre Nascimento, secretário executivo do Comitê Local de Proteção Integral às crianças e adolescente para o legado dos megaeventos, que reúne cerca de 40 organizações de diversos setores, além de organismos internacionais e a sociedade civil.
“A Copa das Confederações foi um piloto para que pudéssemos testar uma metodologia de ação para a Copa do Mundo e outros megaeventos que o Rio sediará”, disse. “Esse modelo está sendo replicado agora na Copa, com a criação de um plantão integrado, com espaços de convivência para o acolhimento das crianças em caso de violação dos seus direitos e a formação de equipes volantes, para identificar e intervir nos casos em que essa violência possa acontecer.”
Nascimento também ressaltou o trabalho de capacitação de profissionais que atuam na abordagem e afrontamento dessas situações, dos operadores das linhas de atendimento ao cidadão, assim como uma maior fiscalização de casas que possam facilitar o turismo sexual infantil, o que resultou no fechamento de dois estabelecimentos no primeiro dia da Copa.
Além disso, um observatório foi criado para unificar a informação procedente de diversos setores e sistemas, como saúde, assistência social e direitos humanos, segurança, para facilitar o monitoramento de casos violações durante a Copa do Mundo.
“Todas as ações que pensamos foram previstas no longo prazo e de forma a preparar o sistema brasileiro para responder aos desafios nessa área. Ajudamos a aprimorar a legislação, treinamos atores das áreas de segurança pública e mobilização social com a intenção de deixar um legado para futuras ações relacionadas à proteção da criança no Brasil”, disse Benge.
Trabalho Infantil
Uma das maiores preocupações da campanha diz respeito ao trabalho infantil, uma prática corriqueira na sociedade brasileira, considerada normal por muitas pessoas e que tende a crescer durante os grandes eventos.
Segundo o IBGE, cerca de 3 milhões de meninos e meninas entre 10 e 17 anos se encontram nessa situação. Por isso, um dos vértices da campanha se centrou em ações específicas para alertar sobre os efeitos danosos dessa prática, que podem “abrir as portas para outros tipos de violações como o abuso físico e psicológico, negligência e violência sexual”.
Além do foco em comunicação, ações específicas foram feitas com os ambulantes no ato do credenciamento. Pais e mães de famílias receberam orientação sobre os problemas relacionados com o trabalho infantil, de forma a não levá-los consigo durante as horas de trabalho ou transformá-los em um meio de geração de renda.
“Embora ainda haja uma grande parte da população que acredite que o trabalho infantil é normal, há também uma boa parcela da população que começa a entender que certas situações constituem uma violação do direito das crianças e adolescentes e por isso denunciam. Estamos convencidos que a melhorar estratégia para enfrentar a violência é a prevenção, o envolvimento de toda a sociedade, informando-a e dotando-a de mecanismos facilite a denúncia”, concluiu Benge.
Futuras ações
Alessandro Pinto, coordenador da Save the Dream, comentou que uma das ações previstas para o mês será uma exposição de fotos que mostrará o valor do esporte nas 12 capitais que sediarão os jogos da Copa do Mundo.
Além disso, Alessandro del Piero, campeão italiano da Copa do Mundo de 2006 e embaixador da organização, virá pela primeira vez para o Brasil no final de junho, período em que visitará alguns projetos desenvolvidos nas comunidades do Rio de Janeiro.
“As crianças precisam de orientação e precisam ter exemplos que transmitam valores positivos, porque elas representam o futuro. O futebol tem essa capacidade de unir as pessoas e por isso a Copa do Mundo significa uma excelente oportunidade para transmitir esses valores”, disse del Piero, durante a coletiva, através de uma chamada em vídeo.
Continue acompanhando a campanha em www.facebook.com/unicef.no.brasil e www.protejabrasil.com.br
Fonte: ONU Brasil