ONG Criança Segura divulga análise das principais causas acidentais de mortalidade infantil na Semana Nacional de Prevenção de Acidentes
Dia 30 de agosto comemora- se o Dia Nacional da Prevenção de Acidentes com Crianças e Adolescentes. Com o objetivo de trazer mais luz para esse tema a ONG Criança Segura divulga hoje a análise dos dados do Ministério da Saúde para mortes e hospitalizações, estas somente da rede pública de saúde, de crianças e adolescentes até 14 anos.
Entre 2012 e 2013 houve uma redução acima da média dos últimos anos na mortalidade por acidentes no Brasil: 2,24%. De 2011 para 2012 a redução havia sido de 0,89%. O trânsito, apesar de ainda representar a maior causa de mortes acidentais até 14 anos, apresentou de 2012 para 2013 uma redução de 6%, ligeiramente maior que a de 2011 para 2012, que foi de 4%.
“Observamos que existe uma mudança no perfil da mortalidade infantil no trânsito”, explica Gabriela de Freitas, coordenadora nacional da Ong Criança e responsável por essa análise, “O atropelamento sempre foi o maior vilão dentre os acidentes de trânsito que envolviam os pequenos, mas quando estudamos a evolução dos dados dos últimos 13 anos, notamos uma grande queda dos atropelamentos, que não necessariamente tem a ver com maior conscientização de segurança viária, mas muito mais com a mudança no estilo de vida e incentivo para uso do carro. Por outro lado, as mortes que envolvem um veículo, como carro ou motocicleta, estão crescendo”. Em 2013, pela primeira vez, as mortes como pedestres ou ocupantes de veículos se igualam, confira no gráfico abaixo:
Principais destaques da análise
Os dados de óbitos e internações foram retirados do Datasus, sistema de dados do Ministério da Saúde. Os óbitos são referentes à 2013 e as internações (somente da rede pública de saúde) a 2014, e segmentados por causa e faixa etária: menor de 1 ano, 1 a 4 anos, 5 a 9 anos e 10 a 14 anos.
Os acidentes foram responsáveis por 4.580 mortes (em 2013) e mais de 122 mil hospitalizações (em 2014) de meninos e meninas de 0 a 14 anos, o que caracteriza o acidente como um grave problema de saúde pública. Os acidentes de trânsito, que incluem atropelamentos, passageiros de veículos, motos e bicicletas, representaram 38% destas mortes, seguidos de afogamento (24%), sufocação (18%) queimaduras (6%), quedas (5%), intoxicação (2%) e armas de fogo (1%) e outros casos não especificados (6%).
Comparando 2013 com 2012, o número de mortes por afogamento teve uma redução de 5%, contra um aumento de 4% entre 2012 e 2011; infelizmente houve um aumento de mortes por sufocação de 10%, um número bem alto quando pensamos que entre 2011 e 2012 o aumento foi somente 2%; reduziu-se a morte de crianças por intoxicação em 23% entre os anos analisados, entre os dois anos anteriores havia ocorrido um aumento da morte por esse tipo de acidente de 17%.
Causa das mortes por idade
A idade das crianças interfere muito no tipo de acidente predominante em cada faixa etária principalmente devido às particularidades de cada etapa do desenvolvimento infantil. Este ano, mais uma vez, a principal causa de mortes por acidentes em menores de 1 ano é a sufocação, representando 70% dos óbitos. Em seguida vem o trânsito com 14% das mortes. Na faixa etária de 1 a 4 anos, o afogamento tem o maior número (34%), e os acidentes de trânsito representam 30% das mortes. Já na faixa etária de 5 a 9 anos, os acidentes de trânsito representam quase a metade dos óbitos (48%) e o afogamento representa 26% das mortes. De 10 a 14 anos o trânsito é responsável pela metade exatamente das mortes, em segundo lugar vem também o afogamento (26%).
Desvendando as internações
As crianças que sobrevivem aos acidentes serão submetidas a internações e tratamentos de saúde que irão gerar, provavelmente, consequências emocionais, sociais e financeiras a essas crianças, suas família e à sociedade. De acordo com o Datasus, o governo brasileiro gastou cerca de R$ 83 milhões em 2014 na rede do SUS – Sistema Único de Saúde com o atendimento destas crianças acidentadas. Neste ano, mais de 122 mil crianças foram hospitalizadas em decorrência dos acidentes.
A ONG Criança Segura analisou os acidentes que levam as crianças a serem internadas em 2014 e percebemos que a principal causa são as quedas (47%), em seguida as queimaduras (16%) e mordidas de animais (12%). Outros acidentes – como efeitos da natureza, queda de objetos, sequelas de outros acidentes, explosões, contato com ferramentas e outros objetos cortantes – representam preocupantes 21% das hospitalizações.
“Destacamos que acidentes de trânsito, afogamento e sufocações tem uma representatividade mais baixa nas internações do que nos óbitos, pois são muito letais para as crianças. Considerando a alta severidade de alguns tipos de acidentes, é preciso não deixar que eles aconteçam. Nesses casos a ‘vacina’ mais efetiva é a prevenção. Nosso trabalho há treze anos é fazer crescer a cultura de prevenção de acidentes no Brasil”, completa Gabriela.
A prevenção
Estudos da ONG Safe Kids Worldwide mostram que pelo menos 90% das lesões devido a acidentes podem ser evitadas com medidas muito simples, como: conscientização da sociedade, educação para prevenção, adaptação de ambientes e leis que tragam mais segurança.
As crianças são mais frágeis fisicamente e não reconhecem os perigos. Por isso, é muito importante adequar os ambientes em que elas vivem (escola, casa, parquinhos, etc.) e educar seus cuidadores para reconhecerem estes perigos e terem uma supervisão ativa sobre as crianças.
A prevenção dos acidentes com crianças preserva a vida delas, e também sua estrutura familiar, contribuindo assim para o seu desenvolvimento saudável e feliz.
A CRIANÇA SEGURA
A CRIANÇA SEGURA é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, dedicada à prevenção de acidentes com crianças e adolescentes de até 14 anos. A organização atua no Brasil desde 2001 e faz parte da rede internacional Safe Kids Worldwide, fundada em 1987, nos Estados Unidos, pelo cirurgião pediatra Martin Eichelberger.
Para cumprir sua missão, desenvolve ações de Políticas Públicas – incentivo ao debate e participação nas discussões sobre leis ligadas à criança, objetivando inserir a causa na agenda e orçamento público; Comunicação – geração de informação e desenvolvimento de campanhas de mídia para alertar e conscientizar a sociedade sobre a causa e Mobilização – cursos à distância, oficinas presenciais e sistematização de conteúdos para potenciais multiplicadores, como profissionais de educação, saúde, trânsito e outros ligados à infância, promovendo a adoção de comportamentos seguros.
Informações para imprensa
Izabel Meo
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