Gravidez na adolescência é mais frequente em grupos de maior vulnerabilidade social, diz oficial do UNFPA

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A incidência de gravidez na adolescência é mais frequente entre mulheres de grupos de maior vulnerabilidade social, disse o oficial do programa para juventude do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Anna Cunha, durante debate promovido pelas procuradorias da mulher do Senado e da Câmara no fim de maio (31).

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) citados por Anna mostraram uma maior concentração de gravidez indesejada na adolescência nas Regiões Norte e Nordeste, sobressaindo entre mulheres negras e com baixa escolaridade.

“Ressalta-se um padrão rejuvenescido da fecundidade no país. Em torno de 20% dos nascimentos são de mães com 19 anos ou menos”, disse Anna. “É um tema de iniquidades e que afeta as mulheres de grupos de maior vulnerabilidade social”, completou, segundo a Agência Senado.

A consultora das Nações Unidas ressaltou ainda a necessidade de chamar os homens à corresponsabilidade na maternidade precoce e de se respeitar a privacidade e confidencialidade dos adolescentes nos serviços de saúde.

Brasil precisa avançar na prevenção da gravidez precoce

Apesar de o Brasil ter avançado nas últimas décadas na disseminação do uso de anticoncepcionais entre as mulheres, entre as adolescentes de classes mais baixas o acesso a esses métodos ainda é deficiente, disse no fim de maio a cientista social Carmen Barroso, integrante do Painel Independente da Estratégia Global sobre Saúde de Mulheres, Crianças e Adolescentes do secretário-geral da ONU.

No fim de abril, Carmen recebeu o Prêmio de População das Nações Unidas de 2016 por sua trajetória pioneira em estudos de gênero e na formulação de políticas de saúde da mulher. A homenagem é feita anualmente pelo UNFPA a indivíduos ou instituições por suas contribuições nas áreas de população e saúde reprodutiva.

“Há ainda esse enorme problema das jovens adolescentes que de um modo geral têm suas demandas por métodos anticoncepcionais insatisfeitas”, declarou Carmen, lembrando que muitas vezes os próprios médicos do sistema público de saúde não orientam as meninas mais jovens a adotar métodos contraceptivos.

Segundo dados do UNFPA, a taxa de fecundidade adolescente no Brasil passou 86 para cada 1 mil habitantes em 2000 para 75,6 em 2010. Esse indicador é quase o dobro de outras regiões do mundo, nas quais a média é de 48, 9 por 1 mil. Segundo o levantamento, a maior incidência de gravidez na adolescência ocorre entre jovens de classes mais pobres.

Fonte: ONU Brasil