Festival Assim Vivemos quebra preconceitos com filmes sobre deficiência

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O festival internacional sobre deficiência, Assim Vivemos, chega a sua oitava edição em Brasília, reunindo 32 filmes de 19 países. O amor aparece como tema universal que surge e conduz narrativas em diversas histórias. Para escolher as obras exibidas, a curadoria levou em consideração, como aspecto mais forte, que a pessoa com deficiência fosse retratada de maneira adequada e como protagonista de suas próprias histórias de maneira emponderada, seja interpretando uma ficção ou mostrando sua própria vida em um documentário.

O festival tem ideias transversais que perpassam todas as pessoas, ideias da autonomia, superação, amor, constituição de família, tentativa de se estabelecer, ter uma profissão. É um grande painel multicultural e, sobretudo, um festival sobre pessoas, retratos com histórias muito diferentes.

Lara Pozzobon, diretora e uma das idealizadoras do festival, acredita que ele mostre como é a vida humana. "O nome do projeto dá a entender que é assim que todos nós vivemos. Destaca que há uma humanidade que está acima de todas as diferenças", diz a diretora. A necessidade de respeitar e reconhecer as diferenças é fundamental, faz parte da compreensão integral da cidadania e é a partir dessa premissa que a mostra de filmes enfatiza sua importância.

Lara lembra que a inclusão não é boa apenas para aqueles que são incluídos, mas também para aqueles que recebem e convivem com essas pessoas, estimulando sua própria cidadania. "Conhecendo essas histórias, por mais que a gente pense que não tem nada em comum com pessoas sem deficiência, percebemos que são pessoas que têm questões como todas as outras".

O festival teve sua primeira edição em 2003, no Rio de Janeiro e em Brasília. Na segunda edição, o público triplicou e, desde então, a expansão tem sido constante. Os debates fazem parte da programação e buscam ampliar o diálogo com os espectadores para além da experiência compartilhada na sala de cinema.

Conscientização
O objetivo principal é quebrar preconceitos e lutar pela inclusão social das pessoas com deficiência por meio da arte. "O cinema, assim como outras artes, tem a capacidade de conscientizar de outra forma. Não é um diálogo tão direto e pragmático, os filmes que a gente seleciona têm linguagem de cinema, passam por uma parte afetiva da cognição dos espectadores", destaca a diretora.

Quando é criada uma relação afetiva, a conscientização é diferente. O que fica é a emoção do entendimento daquele personagem, daquela situação e daquela condição humana. A arte teria, assim, a possibilidade de conscientizar de maneira mais profunda. Entre os filmes que compõem a programação deste ano, a diretora destaca a produção brasileira Luíza, que aborda as dúvidas e preocupações dos familiares de uma moça com deficiência intelectual quando ela começa a namorar um rapaz que tem igualmente esse tipo de deficiência.

Para Lara, um festival nesse momento é fundamental por ser uma época em que o Brasil está abrindo os olhos para a necessidade da acessibilidade e a percepção de que ela e é um direito dos cidadãos. Ela lembra que qualquer pessoa pode se tornar uma pessoa com deficiência a qualquer momento, ter um filho com deficiência, é uma condição possível humana. “Somos todos a mesma comunidade, com os mesmos direitos”. Para impulsionar as melhorias necessárias é preciso dialogar e ocupar os espaços, mostrando a acessibilidade comunicacional (para as sensoriais, como a surdez e a cegueira) e a física, criando alternativas viáveis e necessárias, com construção de rampas e elevadores em todos os ambientes.

SERVIÇO

Assim Vivemos
Festival internacional de filmes sobre deficiência, de 5 a 17 de setembro, no Centro Cultural Banco do Brasil. A classificação indicativa é livre e a entrada é franca.

 

Fonte: Correio Braziliense