Jovens são metade da população global afetada pela pobreza, alerta relatório da ONU
Metade de todas as pessoas que vivem na pobreza no mundo tem menos de 18 anos, de acordo com estimativas de um novo relatório lançado nesta quinta-feira (20) por Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e parceiros.
Os novos números do Índice de Pobreza Multidimensional 2018 (MPI, na sigla em inglês) mostram que em 104 países de baixa e média renda, 662 milhões de crianças são consideradas pobres de acordo com múltiplos indicadores. Em 35 desses países, as crianças respondem por ao menos 50% do total.
O indicador deste ano, produzido pelo PNUD e pela Universidade de Oxford, fornece uma visão abrangente das muitas formas nas quais 1,3 bilhão de pessoas no mundo todo vivem a pobreza em sua vida cotidiana.
O índice olha além da renda para entender como as pessoas enfrentam a pobreza de formas múltiplas e simultâneas em três dimensões essenciais de saúde, educação e padrões de vida; levando em conta fatores como falta de água limpa, saneamento, nutrição adequada ou educação primária.
De acordo com o indicador, aqueles que estão privados de ao menos um terço dos componentes do índice são definidos como “pobres de maneira multidimensional”. Os números de 2018, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), cobrem quase três quartos da população mundial.
Cerca de 1,3 bilhão de pessoas vivem em pobreza multidimensional, o que representa quase um quarto da população de 104 países analisados para calcular o MPI deste ano. Desse total, 46% vivem na pobreza extrema.
“O índice traz conclusões vitais para entender as muitas formas com as quais as pessoas vivem na pobreza, e fornece uma nova perspectiva sobre a escala e a natureza da pobreza global, enquanto nos lembra que eliminá-la em todas as suas formas está longe de ser impossível”, disse o chefe do PNUD, Achim Steiner.
Progresso é possível, afirma chefe do PNUD
Enquanto os novos números apontam um cenário difícil sobre quantos ainda estão sendo deixados para trás, eles também demonstram que o progresso pode ocorrer rapidamente com a abordagem adequada.
“Apesar de o nível de pobreza — particularmente entre crianças — ser estarrecedor, também é o progresso que pode ser feito ao combatê-la”, disse Steiner, lembrando que somente na Índia cerca de 271 milhões de pessoas saíram da pobreza multidimensional em dez anos.
As taxas de pobreza no país caíram quase pela metade, de 55% para 28% em uma década.
Apesar de comparações similares no tempo não terem sido feitas para outros países, as informações mais recentes do Índice de Desenvolvimento Humano do PNUD, que foi lançado na semana passada, mostra progresso significativo de desenvolvimento em todas as regiões, incluindo em muitos países da África Subsaariana.
Entre 2006 e 2017, a expectativa de vida aumentou mais de sete anos na África Subsaariana e em quase quatro anos no Sul da Ásia. Além disso, as taxas de matrícula no ensino fundamental chegaram a 100%.
Os dados mostram que além das 1,3 bilhão de pessoas classificadas como pobres, outras 879 milhões correm o risco de cair na pobreza multidimensional devido a conflitos, doenças, secas, desemprego e outros problemas.
Fonte: ONU Brasil