UNICEF: um terço dos jovens está fora da escola em contextos de guerra e desastre

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Em países afetados por conflitos ou desastres, um em cada três jovens com idade entre cinco e 17 anos está fora da escola. São 104 milhões de crianças e adolescentes que têm “seu futuro roubado”, alertou na quarta-feira (19) o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Número representa mais de um terço de todos os menores no mundo que não frequentam centros de ensino.

Em novo levantamento, o organismo da ONU aponta que 20% dos adolescentes — dos 15 aos 17 anos — em situações de guerra e catástrofes naturais nunca colocaram os pés numa escola. Nessa faixa etária, 40% dos jovens não completaram a escola primária.

“Quando um país é atingido por um conflito ou desastre, suas crianças e seus adolescentes são vitimados duas vezes”, alerta a diretora-executiva do UNICEF, Henrietta Fore.

“No curto prazo, suas escolas são danificadas, destruídas, ocupadas por forças militares ou mesmo deliberadamente atacadas, e eles se juntam aos milhões de jovens fora da escola e, à medida que os anos passam, raramente retornam às salas de aula. No longo prazo, eles – e os países em que vivem – continuarão a enfrentar ciclos perpétuos de pobreza.”

Uma vez que menos de 4% dos apelos humanitários mundiais são dedicados à educação, o relatório pede mais investimentos em ensino de qualidade. Recursos devem garantir que crianças e adolescentes em emergências e crises prolongadas possam aprender em um ambiente seguro, da pré-escola ao ensino médio.

A pesquisa A future stolen: young and out-of-school (Um futuro roubado: jovem e fora da escola) foi lançado às vésperas do 73º Debate Geral da Assembleia Geral das Nações Unidas. Acesse a publicação clicando aqui (somente em inglês).

O documento aponta que quase 303 milhões de jovens entre 5 e 17 anos de idade – cerca de um em cada cinco – estão fora da escola, quando considerados todos os países do planeta. De acordo com a publicação, mais da metade das crianças em idade escolar primária fora do colégio vive em países afetados por emergências.

A pobreza continua a ser a principal barreira para a educação em todo o mundo — as crianças mais pobres em idade escolar primária têm quatro vezes mais chances de estar fora da escola do que aquelas das famílias mais ricas.

Pelas tendências atuais, o número de pessoas com idade entre dez e 19 anos subirá para mais de 1,3 bilhão até 2030, um aumento de 8%, segundo o relatório. Proporcionar a essa futura força de trabalho uma educação de qualidade e melhores perspectivas de emprego produzirá maiores dividendos econômicos e sociais.

“Este é um momento crítico da história. Se agirmos com sabedoria e urgência, poderemos fortalecer e capacitar os jovens para que estejam preparados para criar sociedades pacíficas e prósperas”, acrescentou Fore.

“A alternativa é muito sombria. Não podemos nos dar ao luxo de falhar”.

No Brasil

No Brasil, 2,8 milhões de meninas e meninos, de quatro a 17 anos de idade, estavam fora da escola em 2015. Desse total, quase 1,6 milhão tinha entre 15 e 17 anos — esse grupo específico já tinha passado pela escola, mas deixou a rede de ensino. Outras 820 mil crianças estavam fora da educação infantil.

A exclusão escolar afeta principalmente os jovens das camadas mais vulneráveis da população, que já vivem sem outros direitos constitucionais garantidos. Do total fora da escola, 53% vivem em domicílios com renda per capita de até meio salário mínimo.

Garantir o direito à educação é mais que oferecer vagas na escola. É preciso unir diferentes setores – Educação, Saúde e Assistência Social, entre outros – para ir atrás de quem está fora, entender as causas da exclusão escolar e tomar as medidas necessárias para saná-las e garantir a matrícula e a permanência na escola, com aprendizado.

Sobre a Busca Ativa Escolar

Para enfrentar a exclusão escolar no Brasil, o UNICEF lançou a Busca Ativa Escolar, uma plataforma gratuita para ajudar os municípios a combater o problema. A iniciativa foi desenvolvida pelo organismo da ONU em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME), o Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (CONGEMAS) e o Instituto TIM.

O objetivo do projeto é apoiar os governos na identificação, registro, controle e acompanhamento de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou em risco de evasão. Por meio da Busca Ativa Escolar, municípios e estados terão dados concretos que permitirão planejar, desenvolver e implementar políticas públicas de inclusão.

Fonte: ONU Brasil