ONU alerta para desigualdades em saúde reprodutiva e infantil entre países ricos e pobres

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Dirigentes da ONU alertaram na segunda-feira (01º/04) para as disparidades entre países ricos e pobres na oferta de serviços de saúde reprodutiva, sexual, materna e infantil. Por ano, 300 mil mulheres morrem enquanto dão à luz — a maior parte delas em nações em desenvolvimento. Na África Subsaariana, a mortalidade infantil é 15 vezes maior do que a registrada entre as crianças nascidas em regiões do mundo desenvolvidas.

Em evento que abriu a sessão da Comissão sobre População e Desenvolvimento, em Nova Iorque, representantes das Nações Unidas ressaltaram o importante papel que tendências populacionais e questões de saúde associadas desempenham na promoção de desenvolvimento sustentável.

Neste ano, o encontro da Comissão fará um balanço dos progressos feitos desde a pioneira Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (ICPD), que aconteceu há 25 anos no Cairo, capital do Egito. O evento de 1994 resultou em um Programa de Ação, baseado na ideia de que investir em direitos humanos individuais, capacidades e dignidade é a base de todo o desenvolvimento sustentável.

Essa estratégia foi descrita pela ONU como “revolucionária” porque teve sucesso em unir opiniões diversas sobre direitos humanos, população, saúde sexual e reprodutiva e igualdade de gênero. Ao longo desta semana, os integrantes da Comissão vão examinar avanços e lacunas na implementação desse plano.

Segundo as Nações Unidas, entraves no cumprimento desse programa precisam ser superados para que países alcancem os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a nova agenda da Organização para um mundo sem miséria, sem fome, resiliente ao clima, com saúde e educação de qualidade para todos.

A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, alertou que esforços associados aos ODS não estão acompanhando o ritmo do crescimento populacional nem levando em conta outras questões demográficas. A dirigente chamou atenção para problemas como pobreza, habitação inadequada e casamento infantil, que afetam parcela considerável das populações de países menos desenvolvidos.

Amina enfatizou ainda a importância da igualdade de gênero na implementação dos Objetivos Globais. Para a dirigente, mulheres e meninas precisam ser vistas como “agentes de mudança”, capazes de tomar decisões que afetam seus corpos e suas vidas, incluindo por meio do acesso a direitos reprodutivos e educação.

Também presente na abertura da Comissão, a atriz de cinema e TV e embaixadora da Boa Vontade do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Ashley Judd, lembrou que “6,7 milhões de meninas serão forçadas a se casar neste ano”.

Ainda de acordo com a artista, no mundo, existem 214 milhões de mulheres que não conseguem ter acesso a planejamento familiar. Em 2019, completou Ashley, 300 mil mulheres irão morrer de doenças evitáveis enquanto dão à luz.

Desigualdades em questões de demografia

Dados da ONU mostram que ainda existe uma disparidade regional significativa quando se trata de tendências populacionais, mesmo com os progressos significativos dos últimos 25 anos.

Em todas as regiões, por exemplo, pessoas estão vivendo mais, com a média global de expectativa de vida tendo subido de 65 para 72 anos. No entanto, ainda há uma diferença de 15 anos neste número entre os cidadãos dos países mais desenvolvidos e dos menos desenvolvidos.

A mortalidade infantil caiu pela metade no último quarto de século. Na África Subsaariana, por exemplo, o índice passou de 180 para 78 mortes a cada mil nascimentos, mas o valor ainda é 15 vezes maior em relação ao identificado entre crianças nascidas em regiões desenvolvidas.

Na área de planejamento familiar, em nível global, 78% das mulheres que são casadas ou que vivem com um parceiro têm acesso a métodos modernos de contracepção – em comparação a 72% em 1994. Mas o número cai para menos de 50% em 44 países, em maioria na África Subsaariana e nas nações insulares do sul do Pacífico.

Segundo projeções, 90% do crescimento urbano deve acontecer na África e na Ásia nas próximas duas décadas. A porcentagem da população mundial vivendo nas cidades deve crescer dos atuais 56% para 68% em 2050.

Fonte: ONU Brasil