Evento no Rio de Janeiro comemora Dia Nacional pela Educação sem Violência
“É possível educar sem violência?” foi a pergunta que deu o tom do evento promovido pela Rede Não Bata, Eduque no Rio de Janeiro, em razão da campanha 26 de junho – Dia Nacional pela Educação sem Violência, data comemorativa dos cinco anos da Lei Menino Bernardo.
Rebeca Cassiano e Luís Eduardo, jovens mobilizadores da Rede, foram os mestres de cerimônia, e abriram o encontro apresentando um vídeo com uma mensagem especial da porta-voz da campanha, Xuxa Meneghel.
Assista: https://youtu.be/whadozeeN8U
A primeira roda de conversa teve a presença da jovem mobilizadora Vitoria Luiza, que destacou os mitos em relação à Lei Menino Bernardo e ao tema dos castigos físicos e humilhantes, lembrando de frases ouvidas nas rodas de diálogo que media na Rede.
Natasha Lauletta, advogada do Cedeca Dom Luciano Mendes/São Martinho, falou sobre a importância de um marco legal que proíbe o uso desse tipo de violência sob o pretexto de educar, bem como seu caráter pedagógico e preventivo.
Miriam Pragita, diretora da ANDI – Comunicação e Direitos e coordenadora da Secretaria Executiva da Rede Nacional Primeira Infância, apresentou o “Castigos Físicos e Humilhantes: Guia de Referência para a Cobertura Jornalística”, uma publicação da Série Jornalista Amigo da Criança, produzido em parceria com a Rede Não Bata, Eduque. Pragita comentou a respeito do silêncio do tema na esfera pública como um reflexo da naturalização da prática ainda presente na sociedade brasileira. Apresentou também exemplos de reportagens que retratam os maus tratos e o uso inadequado de termos e questionou sua abordagem.
Ao ser questionada pela plateia a respeito do uso da palmada pedagógica, a mesa ressaltou que palmada, independente da intensidade com que é praticada, é violência e não pode ser tratado como um recurso para corrigir.
Ao longo do evento, os adolescentes e jovens participantes da oficina de rádio “Educar sem Violência: Sintonize essa Frequência!” apresentaram os spots produzidos, que integraram a campanha, e contaram como foi a experiência.
Ouça:
SPOT 1: https://www.radiotube.org.br/audio-7352r07uxMtmh
SPOT 2: https://www.radiotube.org.br/audio-7352YeEnYH8bE
SPOT 3: https://www.radiotube.org.br/audio-7352jvW5Q1xjQ
As jovens Ludi-K e Yabo presentearam a plateia com uma apresentação emocionante de slam, com poesias sobre violência contra a criança, mais especificamente contra a criança negra e moradora de periferia. “Esse tema atravessa todas as crianças, mas eu faço esse recorte racial, porque eu fui uma criança negra”, explicou Ludi-K.
A segunda mesa de debates ressaltou as boas práticas relativas à Educação Positiva. A coordenadora da Rede Não Bata, Eduque, contou um pouco da trajetória da organização e citou atividades e fez um histórico da mobilização nacional pelo 26 de junho, aniversário da Lei Menino Bernardo.
Téo Cordeiro, como pai e militante da paternidade, falou sobre igualdade de gênero e não violência no processo educativo, destacando o uso de agressões como forma de afirmação de masculinidade, construída desde a infância dos meninos. Ele lembrou da Lei Maria da Penha, que proíbe a violência contra a mulher, relacionando à Lei Menino Bernardo, e criticou a violência estrutural que existe na sociedade brasileira. O discurso de Téo foi complementado com o depoimento via vídeo do fundador do portal 4Daddy, Leandro Ziotto. “Nós estamos criando nossos meninos em que o seu único recurso de resolução dos seus problemas é a violência, que é estrutural, institucional e historicamente permitida. Acho que é isso que estamos colhendo em 2019, tanto nos sistemas político, econômico, e na forma de relações humanas e sociais que estamos tendo”, ressaltou Leandro.
Sob a mediação de Maria Mostafa, coordenadora do projeto Narrativas de Paz, do Centro de Criação de Imagem Popular (Cecip), a mesa teve a presença de Mariana Lacerda, blogueira, terapeuta ocupacional certificada em Disciplina Positiva e criadora do curso “Educar com Respeito”. “Muitas pessoas acham que criar de forma positiva, não punir, é ser permissivo, mas não é. Nós podemos encontrar o caminho do meio, um caminho de equilíbrio, que é educar com respeito”, enfatizou Mariana.
Fonte: Rede Não Bata, Eduque