20 milhões de crianças estão com níveis elevados de chumbo no sangue

20 milhões de crianças estão com níveis elevados de chumbo no sangue

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O consumo excessivo nos países mais ricos do mundo está criando condições insalubres, perigosas e tóxicas para as crianças em todo planeta, de acordo com um novo relatório publicado nesta terça-feira (24) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). “A maioria dos países ricos não apenas não oferece ambientes saudáveis ​​para crianças dentro de suas fronteiras como também está contribuindo para a destruição de outras partes do mundo”, disse a diretora do Escritório de Pesquisa do UNICEF – Innocenti, Gunilla Olsson.

O relatório sobre lugares e espaços “Innocenti Report Card 17: Places and Spaces” (disponível apenas em inglês) compara como 39 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE)  e União Europeia (UE) impactam a vida das crianças e o entorno delas. Os indicadores incluem exposição a poluentes nocivos e tóxicos, como pesticidas e chumbo; acesso à luz, espaços verdes e rodovias seguras; além das contribuições dos países para a crise climática, consumo de recursos e despejo de lixo eletrônico.

Um dos dados que mais chamam atenção no documento é a estimativa de que mais de 20 milhões de crianças neste grupo de países estão com níveis elevados de chumbo no sangue, uma das substâncias tóxicas ambientais mais perigosas.

Outra conclusão do relatório é a de que se o mundo inteiro consumisse no mesmo ritmo que os países da OCDE e da UE, seria necessário o equivalente a 3,3 terras para acompanhar os níveis de consumo. Se fosse adotado o padrão da população do Canadá, Luxemburgo e Estados Unidos, pelo menos cinco terras seriam necessárias.

Tomando como base apenas a quantidade de emissões de dióxido de carbono, lixo eletrônico e o consumo geral de recursos per capita, Austrália, Bélgica, Canadá e Estados Unidos são os países ricos com o menor desempenho quando se trata de criar ambientes saudáveis para crianças tanto dentro como fora de suas fronteiras.

Enquanto isso, Finlândia, Islândia e Noruega estão entre aqueles que proporcionam ambientes mais saudáveis ​​para as crianças de seus países, mas contribuem desproporcionalmente na destruição do ambiente global.

“Em alguns casos, vemos países fornecendo ambientes relativamente saudáveis ​​para crianças em casa, mas figurando entre os principais poluidores e destruidores do ambiente infantil no exterior”, atestou a diretora UNICEF- Innocenti.

Em contraste, os países menos ricos da América Latina e Europa que são membros da OCDE e da UE, respectivamente, são os que causam os menores impactos no mundo nestes quesitos.

Riscos identificados – O relatório levantou algumas situações de risco nas quais estas crianças estão inseridas. Na Islândia, Letónia, Portugal e Reino Unido, por exemplo, uma em cada cinco crianças está exposta a umidade e bolor em casa. No Chipre, Hungria e Turquia, esse número é de uma em cada quatro.

Em média uma em cada 12 crianças na Bélgica, República Tcheca, Israel e Polônia estão expostas à alta poluição por pesticidas, que tem sido associada ao câncer – incluindo leucemia infantil – e pode prejudicar os sistemas vitais do corpo.

“Devemos criar lugares e espaços melhores para as crianças prosperarem. Devemos isto a nós mesmos e às gerações futuras”, disse Olsson. “O acúmulo de resíduos, poluentes nocivos e esgotamento de recursos naturais estão afetando a saúde física e mental de nossas crianças e ameaçando a sustentabilidade do nosso planeta”.

Metas – O UNICEF finaliza o relatório sugerindo uma série de medidas para proteger e melhorar os ambientes das crianças. Entre elas está o apelo para que governos e empresas honrem imediatamente seus compromissos de reduzir as emissões de gases de efeito estufa até 2050. A adaptação climática também deve estar na vanguarda das ações em vários setores – da educação à infraestrutura.

Políticas ambientais sensíveis às crianças devem garantir que as necessidades das crianças sejam incorporadas na tomada de decisões e que suas perspectivas sejam consideradas ao elaborar políticas que afetarão desproporcionalmente as gerações futuras.

O relatório do UNICEF também destaca que, embora as crianças sejam as principais partes interessadas do futuro e enfrentem os problemas ambientais de hoje por mais tempo, elas são as menos capazes de influenciar o curso dos eventos.

“Devemos buscar políticas e práticas que protejam o ambiente natural do qual as crianças e os jovens mais dependem”, finaliza a representante do UNICEF – Innocenti.

Fonte: ONU Brasil