66% das crianças na América Latina e Caribe sofrem violência em casa

66% das crianças na América Latina e Caribe sofrem violência em casa

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Desde o seu primeiro ano de vida, as crianças da América Latina e do Caribe correm risco de violência em casa, na escola e na rua, revela um novo relatório regional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Um perfil estatístico da violência contra crianças e adolescentes na América Latina e no Caribe (em espanhol) mostra que quase dois em cada três meninos e meninas de 1 a 14 anos na região sofrem disciplina violenta em casa.

Junto com o castigo físico e a agressão psicológica na primeira infância, o abuso sexual e o homicídio perseguem milhões de crianças e adolescentes na América Latina e no Caribe. A taxa regional de homicídios de crianças e adolescentes (12,6 a cada 100 mil) é quatro vezes maior que a média global (3 a cada 100 mil). E o homicídio é a principal causa de morte entre meninos adolescentes de 10 a 19 anos.

“É espantoso que a maioria das crianças na América Latina e no Caribe seja exposta à violência quase desde o nascimento e, muitas vezes, pelas pessoas em quem mais confia: seus pais, cuidadores, colegas e vizinhos”, disse o diretor regional interino do UNICEF para a América Latina e o Caribe,  Youssouf Abdel-Jelil. “Infelizmente, em muitas comunidades da região, a disciplina violenta é socialmente aceita. As crianças replicam esse padrão com seus próprios filhos quando adultos, perpetuando o ciclo de violência”.

Gênero – A violência afeta meninos e meninas na região de forma diferente. O relatório descobriu que os meninos são sete vezes mais propensos a morrer por homicídio do que as meninas. Enquanto isso, as meninas são particularmente vulneráveis à violência sexual após os 10 anos.

Na América Latina e no Caribe, a violência contra crianças é motivada não apenas por normas sociais negativas e baseadas em gênero, mas também por outros fatores como desigualdades, insegurança, migração e crises humanitárias. Na região, dois em cada cinco meninos e meninas também vivem em países sem proteção legal contra castigos corporais em casa, na escola e em locais de atendimento do Estado.

“Os adultos muitas vezes recorrem à violência contra as crianças porque é o que eles conhecem e vivenciaram. Para quebrar esse ciclo cedo, temos que agir cedo, promovendo alternativas. Com o compromisso de pais, cuidadores, professores, comunidades e governos, é possível criar filhos sem violência e construir sociedades mais seguras e prósperas para o benefício de todos”, acrescentou Abdel-Jelil.

Para acabar com todas as formas de violência contra crianças e adolescentes, o UNICEF pede aos governos que:

  • Adotem leis que proíbam totalmente o castigo corporal em todos os ambientes.
  • Invistam em programas para prevenir a violência, incluindo programas de parentalidade positiva que forneçam aos cuidadores o apoio e os recursos de que precisam.
  • Implementem intervenções de mudança social e de comportamento para abordar a normalização da violência contra crianças e adolescentes.
  • Fortaleçam a capacidade da força de trabalho do serviço social para prevenir, reconhecer e responder à violência contra crianças e adolescentes.
  • Melhorem a coleta de dados sobre violência contra crianças e adolescentes, usando medidas padrão, para preencher lacunas de dados sobre diferentes questões, como violência sexual na infância.

Fonte: ONU Brasil