De acordo com Mariana, a sistematização das informações é um processo complexo: são pessoas de diferentes origens – étnicas, de gênero, de idade, geográficas ou de configuração do núcleo familiar. A pesquisadora classifica a omissão do Estado no levantamento desses dados como uma violação perante esses cidadãos. A justificativa é que, ainda que marginalizadas e altamente vulnerabilizadas, essas crianças e adolescentes em situação de rua “são sujeitos de direitos” e devem, por força da Constituição Federal e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ter seus direitos garantidos com absoluta prioridade. “A ausência desses dados mostra a invisibilidade desses jovens na agenda política local”, declara.
Sobre a necessidade de conhecer os dados da cidade de Ribeirão Preto, a advogada lembra que a Prefeitura de São Paulo divulgou, em meados de 2022, o Censo de Crianças e Adolescentes em situação de rua, que mostrou a existência, na capital paulista, de cerca de 3.700 crianças e adolescentes nesta situação. Deste número, cerca de 60% são do sexo masculino, a maioria dos adolescentes é negra (70%) e a faixa etária que prevalece é entre 12 e 17 anos (42%).