Como tornar o jornalismo digital acessível para pessoas com deficiência
Jornalismo digital acessível: existem práticas e ferramentas que ajudam na garantia ao acesso à informação para PcDs
Organização associada à Ajor, o data_labe lançou nesta semana um guia sobre como fazer uma comunicação acessível voltada para pessoas com deficiência (PcD), desde ferramentas no site até na apresentação de dados.
“O ebook é um compromisso que tivemos desde que lançamos um edital para a formação do programa de ‘Dados Acessíveis’ para explorar a experiência dos residentes e trazer esse aprendizado à tona para o público, organizações e jornalistas com objetivo de ter a acessibilidade como pauta prioritária”, explica Elena Wesley, coordenadora de conteúdo do data_labe.
Para ela, o material parte tanto das individualidades quanto das semelhanças entre PcDs, buscando apresentar quem são e como elas podem fazer parte do dia a dia das organizações e empresas.
A primeira formação aconteceu em 2021, exclusiva para pessoas com deficiência e contou com a participação de seis jovens moradores de periferias da Bahia, do Rio de Janeiro, do Piauí e de São Paulo. Por ter sido uma experiência, a equipe do veículo se dedicou a aprender como utilizar as plataformas de conferência considerando cada deficiência e a conhecer técnicas de acessibilidade. “Era tudo muito novo, precisávamos aprender sobre e não deixar que as deficiências se anulassem, que um aluno não atrapalhasse o aprendizado do outro. Fomos adaptando recursos das ferramentas e introduzindo coisas como autodescrição, falar uma pessoa de cada vez, usar legenda”, conta.
Ao contrário do que determina a Lei Brasileira de Inclusão, segundo a qual sites públicos e privados devem garantir acessibilidade a PcDs, apenas 1% das páginas no país são acessíveis, segundo levantamento do Movimento Web para Todos, em parceria com a BigDataCorp.
Quando se pensa em sites jornalísticos, o impacto da falta de acessibilidade no conteúdo se mostra mais significativo, uma vez que é violado também o direito à informação dessas pessoas. Para Elena, é uma demonstração de que isso não é uma prioridade nos veículos e que não se pensa em PcDs como consumidoras de conteúdo também.
Para acrescentar dicas práticas ao debate, o guia do data_labe traz recursos gratuitos para deixar os sites acessíveis, além de ferramentas, protocolos e práticas que podem ser adotados nas redes sociais e em podcasts. Confira algumas das dicas:
Audiodescrição
Ferramenta importante para pessoas com deficiência visual ou intelectual, dislexia, autismo, déficit de atenção, idosos e até mesmo pessoas sem deficiência, a audiodescrição é um recurso que traduz imagens em palavras de forma objetiva e fluida. Ela pode ser aplicada em ambientes, em tabelas e em diferentes tipos de conteúdo.
Roteiristas e consultores são os profissionais mais indicados para fazer a audiodescrição. O e-book traz um passo a passo de como se autodescrever e qual a ordem adequada para fazê-lo.
Legenda Alternativa
Em redes sociais como Facebook e Instagram, existe um campo dedicado à legenda alternativa, em que é possível descrever a imagem para pessoas que usam o leitor de tela. Para que o recurso seja eficaz, é necessário reproduzir a informação em texto da imagem e apresentar os elementos que compõem a imagem. É importante também sinalizar que há legenda alternativa no texto da publicação.
Podcast Acessível
Publicar o arquivo em vídeo com as legendas, disponibilizar o roteiro completo e fazer a audiodescrição dos participantes e do ambiente são medidas que ampliam a possibilidade de pessoas com diferentes deficiências acessarem o conteúdo.
Plugins de Acessibilidade para Sites
O guia do data_labe traz duas extensões para páginas que ajudam pessoas com deficiência visual e auditiva: o Real Accessability e VLibras. O primeiro permite que o usuário aumente ou diminua fontes, inverta as cores do site e visualize em preto e branco. Já o segundo traduz os conteúdos digitais para Língua Brasileira de Sinais (Libras). Ambos são de código aberto, ou seja, gratuitos.
O e-book traz ainda dicas para reuniões online, produção de artes e gráficos e um panorama do mercado de trabalho para PcDs.
Fonte: Ajor
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