“Jornalismo se faz em conjunto”: documentário revela os desafios de ser jornalista na região amazônica
Desafios de ser jornalista na Amazônia: com frequência, esses profissionais são expostos a diferentes tipos de agressões e censura – incluindo a autoinfligida
A Amazônia costuma ser um território hostil para quem luta pela liberdade de imprensa e pelo direito de acesso à informação. Economias ilegais, grupos às margens da lei, interferências políticas e a falta de estrutura e recursos são desafios para jornalistas, comunicadores, ativistas ambientais e defensores de direitos humanos que trabalham na região.
Com frequência, esses profissionais são expostos a diferentes tipos de agressões e censura – incluindo a autoinfligida. Esse é o contexto retratado no documentário “Guardiões da Amazônia: o eco do jornalismo no território”, lançado nesta quarta, 15.mai.2024, e produzido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) em parceria com a Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP), da Colômbia.
O documentário foi gravado pelas equipes das organizações em territórios fronteiriços, como a cidade colombiana de Leticia e a brasileira de Tabatinga, retratando o cotidiano complexo de comunicadores que vivem e trabalham por lá. “Se você me perguntar se eu me sinto seguro, eu não vou dizer que me sinto seguro. Já sofri três vezes ameaças durante meus 17 anos aqui”, conta o Rôney Elias, morador de Tabatinga e videorrepórter na Rede Amazônica, afiliada à TV Globo no Amazonas. O território é profundamente afetado por questões como o narcotráfico, a pesca e o garimpo ilegais, além de ser terreno para muitos homicídios, o que coloca os trabalhadores da imprensa local em risco constante.
Outro tópico abordado no material é o assassinato do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, em junho de 2022. “Uma coisa que aprendemos com essas mortes é que o jornalismo não se faz sozinho. O jornalismo se faz em conjunto”, afirma o fotógrafo Alex Rufino, diretor da agência Amazonas em Fotos. O crime aconteceu no município de Atalaia do Norte (AM) e, segundo Nailson Tarzon, jornalista local, os efeitos gerados pelo episódio ainda acompanham os jornalistas da área. “É como uma onda de rádio, ela vai viajar pela eternidade. Esse é o impacto que nós vamos sentir.”
O conteúdo audiovisual é complementar ao relatório “O papel do jornalismo na defesa da Amazônia: uma análise comparativa do Brasil e da Colômbia”, lançado no dia 14.mai.2024. A publicação é dividida em duas seções: uma sobre a Amazônia brasileira e outra sobre a Amazônia colombiana. Cada uma delas apresenta e discute as características e os obstáculos que permeiam o jornalismo nesses espaços.
Além de lançar luzes sobre o trabalho jornalístico desenvolvido na região amazônica, o projeto de investigação realizado pela Abraji e pela FLIP procura entender como a comunicação pode ajudar a proteger o território e sua população. Tanto o vídeo quanto o relatório estão disponíveis em versões em português e espanhol.