Número de deslocados internos dobrou nos últimos 10 anos

Número de deslocados internos dobrou nos últimos 10 anos

Compartilhe

Atualmente, cerca de 76 milhões de pessoas estão deslocadas internamente em todo o mundo devido a guerras, violência e desastres.

As informações foram apresentadas nesta quarta-feira pelo conselheiro especial sobre Soluções para o Deslocamento Interno, que termina o mandato no fim do mês.

Invisibilidade

Em conversa com jornalistas em Nova Iorque, Robert Piper explicou que os deslocados internos são a maioria das 120 milhões de pessoas deslocadas à força no mundo, “mas são relativamente invisíveis, apesar de seu número”.

O conselheiro afirmou que “não existe uma agência dedicada, um tratado global ou pacto para os deslocados internos, nem um dia internacional específico para eles”.

O número de pessoas nessa condição dobrou nos últimos 10 anos, chegando a 76 milhões em 2023, dos quais 10% foram deslocados por desastres e 90% por conflitos.

Responsabilidade dos governos

Sobre os avanços feitos, Piper destacou que “o mais importante é que os governos dos países afetados têm assumido a liderança.” Ele citou novas leis e políticas sobre deslocamento interno aplicadas em países como Chade, Nigéria e Filipinas.

O especialista afirmou que “apenas governos podem resolver deslocamentos de longo prazo, pois isso requer segurança, investimento em serviços, decisões sobre compensações”, dentre outras medidas

Citando o Painel de Alto Nível da ONU sobre Deslocamento Interno, de 2019, Piper disse que a grande lacuna é que muitas pessoas ficam presas na condição de deslocamento por anos.

Ele afirmou que para esses casos não se trata de “levar uma caixa de ferramentas humanitárias e sim de fazer com que os governos cumpram sua responsabilidade”.

Piper elogiou os governos do Iraque, República Centro-Africana, Colômbia, Etiópia, Nigéria, Líbia, Moçambique e Somália, que se comprometeram coletivamente a aplicar soluções para mais de 11,5 milhões de deslocados internos, em linha com o plano de ação da ONU lançado em 2022.

Reestabelecendo a “normalidade”

O conselheiro destacou ainda que as Nações Unidas reconfiguraram suas estruturas e políticas para melhor apoiar os governos nesta tarefa, inclusive com investimentos em serviços e criação de empregos.

Ele explicou que o esforço de oferecer soluções para o deslocamento interno envolve restabelecer a “normalidade” com oferta de moradia, acesso a serviços e meios de subsistência.

Piper citou ainda outros elementos “menos óbvios”, como reconhecimento e compensação pelos prejuízos sofridos, inclusão na vida cívica e restauração de documentação legal.

Ele adicionou que o deslocamento interno deve ser uma das categorias contempladas em eventuais fundos de perdas e danos que sejam criados para responder à crise do clima.

Aplicação no Líbano

Respondendo a uma pergunta, Robert Piper disse que acredita que o Líbano nesse momento parece apresentar as condições necessárias para implementar um caminho de soluções para os deslocados pela guerra. O especialista afirmou que a ONU vai apoiar as autoridades nos próximas semanas e meses nesse sentido.

Piper reiterou a necessidade urgente de melhorar as ferramentas de prevenção de novos deslocamentos. Para ele, os mecanismos atuais “não estão à altura da tarefa”.

As melhorias propostas envolvem melhorar a prevenção de conflitos, garantir maior respeito ao direito humanitário internacional e ampliar esforços de redução de riscos de desastres e adaptação às mudanças climáticas.

 

Fonte: ONU News

Para mais notícias sobre Desenvolvimento Inclusivo e Sustentável, acesse aqui.