

Cresce o número de tiroteios em disputas entre grupos armados
O primeiro semestre de 2025 foi marcado pela alta de tiroteios e vítimas em disputas entre grupos armados. Os dados foram levantados pelo Instituto Fogo Cruzado e fazem parte do relatório semestral do monitoramento realizado em 49 municípios de três regiões metropolitanas: Recife, Salvador e Rio de Janeiro.
Ao todo, nas três regiões metropolitanas mapeadas pelo Instituto Fogo Cruzado, foram registrados 253 tiroteios envolvendo disputas entre diferentes grupos armados. O número aponta para um aumento de 36% em comparação com 2024, no mesmo período (186). Ao todo, 108 pessoas foram mortas e 64 ficaram feridas nestes tiroteios. Em 2024, foram 80 mortos e 60 feridos. Houve um aumento de 23% entre os baleados.
O relatório evidencia uma alta expressiva no número de tiroteios e pessoas baleadas em Pernambuco em confrontos entre grupos armados. Lá, foram mapeados 18 tiroteios motivados por disputas entre diferentes grupos, em 2024 foi apenas um. Entre as vítimas destes tiroteios estavam duas criança: Helen Santos, de 4 anos, morta por bala perdida no Córrego do Deodato, no bairro de Água Fria, Recife, no dia 12 de abril; e Emilly, de 7 anos, ferida por uma bala perdida, em Peixinhos, Olinda, no dia 28 de março. Ambas estão entre as 10 crianças baleadas na região metropolitana do Recife, em Pernambuco. O primeiro semestre de 2025 foi o mais violento para jovens entre 0 e 11 anos no Grande Recife desde 2018, no total 72 foram baleadas.
No caso do Rio de Janeiro, os confrontos são intensos desde 2024 em quatro localidades: Morro dos Macacos, Complexo do Fubá, Catiri e Complexo do Juramento. Juntas, essas áreas somam mais da metade (57%) dos 154 tiroteios mapeados e 36% das vítimas atingidas neste primeiro semestre. Com 66 tiroteios, o bairro de Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, permanece entre os bairros mais afetados pela violência armada, assim como no ano de 2024 todo, quando foi considerado o bairro da região metropolitana do Rio com mais tiroteios, com 88 registros.
Já na Bahia, o número de tiroteios manteve-se estável, mas houve uma alta de 26% no número de baleados nestas disputas. Entre os baleados, um ataque a tiros deixou dois jovens mortos e outras nove pessoas feridas no dia 29 de junho, em uma festa do tipo “paredão”, no bairro Alto do Cabrito, em Salvador.
Os tiroteios em disputas entre grupos armados causam impactos na dinâmica das cidades, no deslocamento e também na vida da população. Neste primeiro semestre, 20 pessoas foram vítimas de balas perdidas nessa situação nas três regiões metropolitanas. Além disso, 21 crianças e adolescentes foram baleados, 11 morreram. O número de crianças e adolescentes baleados é 91% maior do que no ano passado (11).
Maria Isabel Couto, diretora de Dados e Transparência do Instituto Fogo Cruzado, destaca a importância destes dados para compreensão da violência no país. “A gente sabe muito pouco sobre a movimentação dos grupos armados e o real impacto que eles causam na vida das pessoas. Eles normalmente aparecem publicamente quando há apreensões de armas, operações policiais ou prisões. Mas é preciso ir além, porque este é um problema crônico que todos os dias coloca crianças na linha de tiro no Brasil. Saber que os tiroteios aumentaram é saber que mais famílias conviveram com eles, que mais jovens passaram por esse trauma. É preciso responder a isso, ter propostas em níveis estadual e federal para esse problema porque ele não é pequeno”, defende.
SOBRE O FOGO CRUZADO
O Fogo Cruzado é um Instituto que usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, fortalecendo a democracia através da transformação social e da preservação da vida.
Com uma metodologia própria e inovadora, o laboratório de dados da instituição produz mais de 50 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, do Recife, de Salvador e de Belém.
Por meio de um aplicativo de celular, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre tiroteios, checadas em tempo real, que estão no único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina, que pode ser acessado gratuitamente pela API do Instituto.
Fonte: Fogo Cruzado
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