Ainda que não atingidas diretamente por incêndios, algumas florestas estão perdendo espécies. Essa é a principal descoberta de um estudo realizado por cientistas brasileiros no Corredor Cantareira-Mantiqueira, uma importante região de Mata Atlântica, e publicado no Forest Ecology and Management, destacam Agência FAPESP e Folha.
A pesquisa mostra que o aumento da “pirodiversidade” – termo que se refere ao mosaico de florestas com diferentes graus de distúrbio causados por incêndios – prejudicou a função de refúgio das áreas não queimadas. O que resultou em menor riqueza de aves nos fragmentos intactos.
Os pesquisadores das universidades federais de Alfenas (UNIFAL), de São Carlos (UFSCAR) e da UNESP analisaram a riqueza de espécies de aves em 15 paisagens com fragmentos florestais na região próxima à cidade de Atibaia (SP). Com base nos dados do MapBiomas Fogo, foi possível selecioná-las a partir do histórico de incêndios ocorridos desde 1985. A pirodiversidade foi calculada a partir de variações em frequência, extensão, severidade e idade das florestas secundárias, que resultam em formações com diferentes graus de distúrbio.
O estudo verificou que quanto maior a diversidade de distúrbios no entorno do fragmento florestal, menor é o número de espécies de aves nas florestas que não foram queimadas. O fogo deixa marcas duradouras, mesmo onde não tocou diretamente.
A heterogeneidade do fogo frequentemente decorre de incêndios criminosos e tem impactos profundos e negativos sobre a biodiversidade. Para evitar a perda contínua de espécies, os autores defendem medidas rigorosas de prevenção e ações de restauração ativa nas áreas mais afetadas, aumentando a resiliência das florestas remanescentes.