Infância e Adolescência
O uso de tecnologia avançada na extração de recursos minerais ocasionou grande expansão econômica em algumas cidades da Amazônia. A exemplo do que ocorreu nas décadas de 1970 e 1980, quando a região experimentou crescimentos provocados pela construção da Transamazônica e pelo garimpo de Serra Pelada, parte da riqueza produzida na região sustenta um mercado de exploração sexual comercial de crianças e adolescentes.
Para investigar esta realidade, o jornalista Leonencio Nossa e o fotógrafo Celso Silva Sarmento Júnior percorreram os municípios de Coari (AM), Juruti (PA), Parauapebas (PA), Canaã dos Carajás (PA) e Estreito (MA) para mostrar como o poder público e empresas têm atuado no enfrentamento do problema. Na opinião do jornalista, “foi a oportunidade de discutir a violência sexual de crianças e adolescentes a partir de uma visão política e econômica”.
A reportagem teve como origem uma denúncia de que o dinheiro público e os recursos repassados por empresas às comunidades a título de investimento em promoção social não estão alcançando o seu objetivo, que é proteger crianças e adolescentes da exploração sexual. O combate aos problemas da infância e a promoção de alternativas de renda para jovens, por exemplo, não têm prioridade. A aplicação dos royalties do gás e dos impostos sobre mineração se concentra nos municípios que são sede dos empreendimentos, enquanto nas cidades vizinhas surgem bolsões de miséria formados por migrantes.
“A partir desse trabalho, chegamos à conclusão de que é preciso haver uma política específica para combater a violência sexual contra crianças e adolescentes. Para impedir a exploração não basta uma cidade gerar renda e emprego e receber volumosos recursos. As ações sociais de prefeituras e empresas se limitam, às vezes, a peças de marketing”, alerta Leonencio. “Esperamos que a reportagem publicada pelo jornal e distribuída pela Agência Estado contribua para mudar a realidade das crianças de Coari, Juriti e Parauapebas”, completa.
A série Eldorados da Exploração Infantil foi publicada no jornal O Estado de S. Paulo nos dias 7 e 8 de setembro de 2008 e distribuída pela Agência Estado nos dias 6 e 7 do mesmo mês.
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