Brasil aumenta o número de crianças em creches e na pré-escola, mas segue distante da meta, diz IBGE
De 2016 a 2019, a parcela de crianças de 0 a 3 anos matriculadas em creches saltou de 30,4% para 35,6%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta quinta (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar do avanço, o índice ainda está distante da meta do Plano Nacional de Educação (PNE), uma série de diretrizes e estratégias para a política educacional brasileira a ser implementada entre 2014 e 2024.
De acordo com o documento, o objetivo final é de que pelo menos 50% dos alunos dessa faixa etária estejam nas creches. Ou seja, em 5 anos, o índice precisa subir mais de 14 pontos percentuais.
Um dos obstáculos é a baixa oferta de vagas, principalmente em regiões mais pobres. No Norte, a porcentagem de crianças de 0 a 3 anos matriculadas é bem inferior à média nacional: 17,6%. O maior índice foi registrado no Sul, onde 43,3% estão na creche.
Além da importância para o desenvolvimento motor e intelectual das crianças, há também um papel fundamental para o retorno da mulher ao mercado de trabalho. Se não houver a possibilidade de matricular um bebê na creche, é comum que a mãe abandone o emprego para cuidar da criança.
Na pré-escola, a meta do PNE é mais ambiciosa e busca a universalização do ensino, ou seja, que 100% das crianças de 4 a 5 anos estejam matriculadas. Em 2019, segundo o IBGE, o índice era de 92,9%. Mais uma vez, a região Norte ficou abaixo da média nacional, com 86,6%.
Ensino médio: um terço dos jovens fora da sala de aula
No ensino médio, o PNE estabelece que, até 2024, 85% dos alunos de 15 a 17 anos estejam matriculados no ensino médio.
Segundo o IBGE, o índice era de 71,4% em 2019. Ou seja: aproximadamente um terço dos jovens estava fora da escola ou ainda no ensino fundamental.
Nenhum estado atingiu a meta, por enquanto. Quem mais se aproximou foi São Paulo (84,1%). Os índices mais preocupantes são os do Pará e da Bahia, que ficaram na faixa de 48% a 62,6%.
No ensino superior, mais chance para brancos e ricos
Na faixa de 18 a 24 anos, segundo o IBGE, os brancos têm duas vezes mais chance de estar na universidade ou de já ter concluído o ensino superior do que os pretos e pardos.
O recorte por renda também evidencia a desigualdade: considerando a população mais pobre, apenas 7,6% dos jovens estavam na faculdade ou já tinham o diploma. Entre os mais ricos, a porcentagem foi bem mais alta: 61,5%.
Jovens sem estudar
Em 2019, 23,8 milhões de jovens de 15 a 29 anos sem educação superior não frequentavam escola, curso pré-vestibular ou educação profissional. É o equivalente a metade dos indivíduos dessa faixa etária.
A parcela é maior entre homens pretos e pardos (57,6%) e menor entre brancos (47,4%).
As principais justificativas para não estar estudando são: necessidade de trabalhar e falta de vontade. Segundo a análise do IBGE, entre os pobres, mais jovens responderam que precisaram cuidar de criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
A Pnad Contínua também estima quantos brasileiros de 15 a 19 anos estão sem estudar e sem trabalhar. O índice caiu de 23%, em 2018, para 22,1%, em 2019.
Na região Sul, os números aproximaram-se dos registrados em países desenvolvidos. Por outro lado, no Nordeste, em todos os estados, mais de um quarto dos jovens não estudavam e não estavam ocupados.
Analfabetismo: índice em queda
O PNE propõe a erradicação do analfabetismo na população com 15 anos ou mais. Em 2019, o IBGE mostra que o índice era de 6,6%. Há uma discreta queda em relação ao dado de 2016 (7,2%).
Outros números que também avaliam a formação de adultos no país mostram a desigualdade regional. Na população com 25 anos ou mais, no Nordeste, 49,1% não tinham instrução ou não haviam concluído nem sequer o ensino fundamental. No Sudeste, o índice é de 32,5%.
Além disso, a diferença é grande na proporção de adultos com nível superior completo: 12,1% no Nordeste, e 20,5% no Sudeste.