ES registra mais de 3,3 mil casos de abuso sexual e outras violências contra menores de idade

Veículo: ESHoje - ES
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O Espírito Santo registrou até 28 de setembro, 3.330 casos de abuso sexual, lesão corporal e maus tratos contra crianças e adolescentes. Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), ao todo, em cada caso, foram 1.451 casos de abuso sexual, 1475 de lesão corporal e 404 de maus tratos em terras capixabas.

No ano anterior foram registrados 3.752 casos de abuso sexual, lesão corporal e maus tratos contra menores. Este ano, apenas na Grande Vitória, foram registrados 1.661 casos de crimes contra crianças e adolescentes até o momento. No total, na Capital, foram 699 casos de abuso sexual, 730 de lesão corporal e 232 de maus tratos.

Para entender mais sobre os casos no Espírito Santo, conversamos com a delegada Rhaiana Bremenkamp, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Na semana anterior, a delegada ficou responsável pela investigação de uma bebê que sofreu uma parada cardíaca após ser torturada pelo pai neste ano.

Em relação ao crescimento do número de casos de crimes contra crianças e adolescentes, a titular explica que o país inteiro está vendo uma crescente de números de registro. Para ela, o crescimento dos casos pode ser relacionado à pandemia, principalmente pelo fato das crianças terem ficado mais tempo em casa e, por isso, acabam mais vulneráveis, tendo em vista que a maior parte dos casos ocorre dentro do ambiente familiar.

Disparadamente nos três crimes (abuso sexual, lesão corporal e maus tratos), segundo dados fornecidos pela SESP, o  local onde há registro de crimes contra menores, são em residências. Segundo a delegada, em casos como esse o agressor é uma pessoa próxima, normalmente um familiar ou o próprio pai.

A titular relembra um caso em uma palestra sobre o assunto. “Um caso que chamou a atenção é de uma criança que estava em uma palestra da Polícia Federal. Eu acho que tocaram né? Às vezes no tema de formas de abuso, né? Naquele momento, essa criança começou a chorar e ela falou que era vítima de abuso. Muitas vezes a criança não tem ciência de que está sofrendo um abuso também”, relatou.

Segundo a delegada, esses casos chegam através de denúncias da escola, ou através do Conselho Tutelar.  Para Bremenkamp, apesar de o número ser alto, a realidade deve ser ainda maior. “É que muitas crianças ainda não denunciam por medo, culpa ou por não entenderem ainda que são vítimas de abuso. Acaba que também às vezes a família também pode não acreditar e não trazer. Então assim, a gente acredita que mesmo com esse número, a realidade é que seja muito maior, que há uma subnotificação, né? Principalmente desses crimes contra a dignidade sexual”, pontua.

CASOS DE ABUSO 

Um total de 1451 crimes de abuso ou crimes contra a dignidade sexual contra menores de idade foram registrados no Estado capixaba. Desses casos registrados, 1062 foram menores do sexo feminino, 139 do sexo masculino, 249 não tinham informações do sexo e 1 caso foi registrado como indeterminado.

Em casos como esse no ES, os que tem mais sofrido são pessoas da raça parda, no total, são 173 casos, seguido por brancos com 146, negros com (57),  indígenas (2), amarelos (1), sem informação (1071) e indeterminada (1).

As ocorrências, em sua maioria, acontecem dentro de casa, somente até setembro, foram registrados 919 casos. Foram registrados em via pública 166 casos e em escolas, o número de casos é de 144.

LESÃO CORPORAL E MAUS TRATOS

1475 menores no ES foram vítimas de crimes como lesão corporal e outras violências. Desses, 567 foram menores do sexo feminino, 563 do sexo masculino, 344 não tinham informações do sexo, 1 caso de menor identificado como transsexual.

Nesses casos, em sua maioria os crimes acontecem dentro de casa, somente até setembro, foram registrados 527 casos, em seguida, via pública com 445.  Em escolas foram registrados 174 casos.

Já em relação aos maus tratos contra menores de idade, foram 404 registros até 28 de setembro. 164 foram menores do sexo feminino, 132 do sexo masculino, 108 não tinham informações do sexo.

Para a delegada Rhaiana Bremenkamp, em razão dos maiores registros de crimes  ocorrerem contra a dignidade sexual de menores serem dentro de casa é necessário maior atenção dos responsáveis pela criança. “Esses outros parentes que vivem na mesma residência podem perceber ou a mudança da criança,  avô, um padrasto, um pai. A gente pede para que eles orientem essa criança, ensine essa criança e que não pode ter segredo de partes íntimas, ensine o que pode ser tocado, o que não pode ser tocado, o que ela pode tocar, o que ela não pode tocar”, pondera.

A delegada dá dicas para pais, membros escolares e parentes, para que fiquem atentos aos sinais. “As crianças quando sofrem esses tipos de crimes, elas dão sinais, então elas mudam de comportamento e às vezes passam a regredir. “Então, a criança que não faz mais xixi na cama, ela volta a fazer xixi na cama, ela não chupava chupeta, ela pega de novo essa chupeta, então ela regride mesmo o comportamento“.

Em outros casos, Bremenkamp explica que o menor tem um comportamento sexual que não é o comum da idade dele. “Então ela quer ficar beijando os coleguinhas, ela quer passar a mão. Tem aquelas crianças às vezes a gente percebe até mais. Em adolescentes mostram sinais de depressão, alteração de humor, passam a se cortar”, conclui.