Além dos pais, vagas em creche beneficiam avós e irmãos, diz estudo
A educação básica permite que as crianças atinjam todo o seu potencial. Mas, a novidade é que os benefícios dos investimentos na área superam as salas de aula e o mercado. Uma análise do aumento do número de vagas das creches em tempo integral do Rio de Janeiro mostrou que além dos pais, avós e irmãos mais velhos também são beneficiados com as políticas públicas na área.
Um estudo realizado pelo Centro Nacional de Estudos Econômicos (NBER- sigla em inglês), nos Estados Unidos, e divulgado na semana passada, analisou o impacto do sorteio realizado entre 24 mil candidatos para 10 mil vagas em creches de atendimento integral da rede municipal do Rio. Os estudiosos acompanharam, ao longo do tempo, as famílias que conseguiram vagas e as que não conseguiram naquele momento.
A pesquisa mostrou que famílias beneficiadas tinham renda média superior entre 8% e 10% em comparação com aquelas que não conseguiram a oportunidade. No entanto, a descoberta mais surpreendente foi a de que não apenas os pais e mães foram beneficiados. Os avós que moram na mesma casa tinham 20 pontos percentuais a mais de chances de estarem trabalhando quando as crianças eram matriculadas nas creches.
Os efeitos positivos em termos de empregabilidade também foram certificados pelos irmãos mais velhos. Esta é uma evidência importante pois o cuidado da criança não se restringe – nem deve – apenas aos pais e mães.
Esses dados correspondem aos primeiros quatro anos após o ingresso das crianças nas creches em período integral. Depois, esse efeito tende a desaparecer, o que é explicado pelo fato da matrícula no ensino fundamental, a partir dos seis anos de idade, já ser uma realidade no país.
Outro impacto positivo revelado pela pesquisa é que o nível de estresse no ambiente familiar foi menor nos domicílios beneficiados. Além disso, as crianças matriculadas nas creches de tempo integral registravam melhores indicadores de altura e peso em relação àquelas que ficaram de fora.
Também foram registrados ganhos cognitivos – relacionados com o processo de aprendizagem – e socioemocionais, mas esses foram em menor intensidade do que os demais efeitos, um sinal de que há ainda muito espaço para avançar no aperfeiçoamento das políticas públicas no atendimento escolar nas fases posteriores à creche.