Crianças e adolescentes ficaram em triagem com pais presos em ato golpista; conselho tutelar atendeu 23

Veículo: Folha de S. Paulo - SP
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Crianças e adolescentes foram mantidos na Academia Nacional da Polícia Federal durante a triagem de pessoas detidas por participar de atos de vandalismo em Brasília no domingo (8).

Questionada pela Folha, porém, a Polícia Federal não deu nenhum tipo de detalhe —como a quantidade, as idades e as condições.

A PF disse apenas que liberou as mães com crianças e idosos com problemas de saúde na noite de segunda-feira (9), dando preferência à triagem desse público. E afirmou que não tem balanço de quantas pessoas foram liberadas e das já encaminhadas ao Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.

O Conselho Tutelar do Distrito Federal afirmou, em nota, que esteve no local às 15h de segunda-feira e passou a acompanhar os atendimentos que estavam sendo realizados pelos policiais federais junto às famílias que estavam com crianças. Disse que foram atendidas aproximadamente 20 famílias e 23 crianças e adolescentes.

“Todas saíram acompanhadas de seus representantes legais, sendo certo que não foi necessário, pelo Conselho Tutelar, realizar nenhum abrigamento. De igual modo e considerando que todos os atos necessários foram realizados pela Secretaria de Justiça e Cidadania Secretaria/Conselho Tutelar”, disse, em nota.

Pessoas ouvidas pela Folha que participaram do atendimento de saúde dos detidos disseram que o local não era adequado para crianças. Disseram também haver gente com doenças crônicas, desidratação e falta de acesso à alimentação adequada.

O diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, afirmou que a avaliação das condições do local para crianças cabe ao Conselho Tutelar.

“Caso o conselho avalie que há condições para ficarem por algumas horas com os pais durante a triagem, isso seria possível”, disse.

Luciano Santoro, advogado e doutor em direito penal, avalia que as crianças deveriam ter sido encaminhadas para um familiar próximo ou serem encaminhadas pelo Conselho Tutelar para um local com tratamento adequado.

“Nenhum extremismo é aceitável. Não podemos aceitar a forma como estão sendo realizadas as detenções. O mínimo é respeitar os direitos individuais, as crianças jamais poderiam estar naquela situação”, disse.

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