Tempo de tela e tempo de tédio: especialistas falam da importância de brincadeiras na infância

Veículo: Brasil de Fato - BR
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Brincadeiras na infância: para mães e pais que trabalham, as férias escolares são um desafio. Especialistas ressaltam importância do brincar livre

brincadeiras na infância
Foto: Camilla Lima

Quem tem filhos sabe que as férias escolares são sempre bem tranquilas: é criança correndo para um lado e para o outro, fazendo arte nas paredes limpinhas de casa e quando menos se espera tem um rolando no chão. Mais tempo dentro de casa significa necessariamente pensar numa rotina diferente, que abarque tanta energia.

E para os pais o desafio é gigante, como ressalta a psicopedagoga, Clarissa Chaves: “é praticamente impossível. Se manter a rotina de trabalho, com a sanidade mental tranquila pra conseguir dar conta dos cuidados que toda criança demanda, seja de qualquer idade, além de supervisão de telas, além dos cuidados com a alimentação, com a higiene. Para as famílias conseguirem criar uma rotina interativa, divertida dentro de casa, sem recorrer diretamente as telas por muito tempo, é muito difícil”. A empresária Ivna Pinheiro, assina embaixo: “O desafio é intenso, por que eu tenho 3 filhos e haja criatividade pra gente conseguir entreter essas crianças, tem uma hora que a nossa cartilha também acaba, as opções acabam”, reforça.

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E vai da estratégia que funciona pra cada um. O Denis Aguiar, por exemplo, pai de duas crianças, conta que em casa o segredo tem sido dividir, as funções, para conquistar, a paz: “como a gente não tá de férias, as férias são das crianças, a gente tenta dividir horário: um horário fica brincando com a mãe, outra hora brincando com o pai, outra hora brincando sozinho, e assim a gente vai levando”, explica.

Já a Ivna busca estabelecer uma rotina bem demarcada para que as crianças entendam que mesmo nas férias é preciso seguir um fluxo: “o que eu tenho fazer é inserir horários: horário pra acordar, horário pra dormir, horário pra alimentação, para as telas, por que eles não podem por que estão em casa simplesmente passar o dia todo nas telas, por que a gente sabe que isso é contraproducente e tem uma série de malefícios para as crianças”, ressalta.

E esse têm sido outro grande desafio para os pais na atualidade. Com um mês inteiro nessa dinâmica apertada muitas vezes as telas acabam sendo uma saída prática, mas é preciso estar atento a quantidade de horas que eles ficam expostos a esses dispositivos, que a longo prazo trazem inúmeros prejuízos. É o que explica a neuropsicóloga Marleide Oliveira: “ansiedade, insônia, obesidade, dificuldade de aprendizagem, isolamento social, ou seja, a dificuldade de se relacionar com pessoas. E isso tem gerado uma preocupação imensa para os profissionais, para os professores, pais e tudo o mais. Agora a gente tá pegando os adolescentes num nível de ansiedade muito alto, a questão da desatenção, da memória, da impulsividade, da hiperatividade, então se a gente for começar a avaliar comportamentos, a gente vai verificar que isso mudou muito”, reforça.

A professora Gabrielle Portela segurou o quanto pôde o acesso da Céu, mas reconhece que, às vezes, precisa recorrer ao recurso: “É realmente o maior desafio, por que ela é uma criança pequena, de 4 anos, até 2 anos eu consegui manter, não vou dizer que foi zero por que com a maternidade solo é bem complexo dizer que é zero tela, mas era um tempo bem reduzido, com os 3 anos eu dei uma maior flexibilizada”, relata.

Esses dispositivos tem atrapalhado tanto, que uma parte importante da nossa vida, tem sido cada vez menos comum: o tédio. Sim, esse momento de não fazer nada é extremamente importante para a criatividade, e para as crianças o tédio é fundamental, como ressalta Clarissa: “a interação da criança com uma tela, com uma tv ela é passiva, não há movimento, não há criação, não há o tédio, que é importantíssimo. As crianças quando estão brincando, tem aquele momento que elas vão se entediar e esse é momento chave, é ali sempre surgem as brincadeiras mais interessantes nesse momento, e a TV ela não dá espaço nenhum pra que se aja, para que o sujeito atue com protagonismo”, reforça a psicopedagoga.

 

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