Operação de órgãos federais flagra trabalho infantil na colheita do açaí em cidades do Pará
Trabalho infantil na colheita do açaí: operação feita no fim de julho encontrou crianças e adolescentes se arriscando no processo de colheita do açaí em Abaetetuba, Cametá, Igarapé-miri e Mocajuba, nordeste paraense
A agilidade no processo de colheita do açaí esconde uma realidade criminosa. Flagrantes de uma operação de agentes federais constataram crianças e adolescentes se arriscando na cadeia produtiva do fruto.
No Pará, uma operação feita entre os dias 24 e 29 de julho fez flagrantes dessa prática em Abaetetuba, Cametá, Igarapé-miri e Mocajuba, no nordeste paraense.
A constatação ocorreu após operação conjunta da Superintendência Regional do Trabalho, Ministério Público do Trabalho e Polícia Rodoviária Federal.
“Infelizmente aqui que saiu nos organismos internacionais e na imprensa internacional que haveria trabalho infantil no açái nós constatamos na prática”, afirma Eduardo Reiner, auditor Fiscal do Trabalho.
Durante a operação também foi identificado que as comunidades que trabalham exclusivamente com a coleta de açaí não usam equipamentos de segurança e não têm acesso a soro antiofídico, medicamento básico em caso de acidentes com serpentes.
Em 2022, o açaí figurou no cadastro de cadeias produtivas ligadas ao trabalho infantil, segundo diagnóstico conjunto do Instituto Peabiru e Fundacentro.
Nas cidades consideradas maiores produtoras de açaí, parte dos reflexos também estão na educação.
“Nós temos uma gravidade em relação ao trabalho infantil nas ilhas que é a ausencias das escolas no período de safra por vários meses e isso signigica um prejuízo muito grande”, diz Margaret Carvalho, Procuradora Regional do Trabalho.
Uma prática considerada cultural, mas que mancha a imagem de sustentabilidade do fruto.
“A gente está falando de produtos que alcançam o mercado internacional mas que hoje estão numa lógica que uma família que tirava pro seu sustento precisa tirar pra atender essa demanda. Então se eu preciso aumentar a minha produtividade é lógico que eles vão envolver os mais jovens nesse processo”, afirma o sociólogo Manoel Potiguar.
O resultado das fiscalizações foi apresentado durante uma reunião com representantes dos municípios visitados e de secretarias estaduais. O objetivo é construir soluções sustentáveis para a atividade que consta na lista das piores formas de trabalho infantil.
“Esse adolescente não pode trabalhar na coleta até completar 18 anos e mesmo após os 18 anos temos que pensar em soluções que tragam segurança. pra gente pensar num produto sustentável em um produto que queremos que seja referência de sustentabilidade e da amazônia pro mundo nós precisamos melhorar as condições de trabalho dessas famílias”, diz o auditor Eduardo Reiner.
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