Mais da metade das crianças de 9 a 10 anos jogam online; vício preocupa

Veículo: Jornal Opção - GO
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Crianças jogam online: Pesquisa mostra que hábito de jogar começa cedo e dependência pode causar gaming disorder

Crianças jogam onlineAs crianças e adolescentes estão mais conectados e viciados em jogos online, conclui o estudo TIC Kids Online, de 2022. Na faixa entre 9 e 10 anos, são 59%. Não há indícios de que, se usados de forma adequada, os games prejudiquem o convívio familiar e na escola, mas o excesso pode causar distúrbio do sono, mu- dança de humor e o chamado gaming disorder, transtorno reconhecido pela OMS.

De acordo com dados, 42% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos disseram participar de jogos na internet conectados a outros jogadores todos os dias ou quase todos os dias. Entre os nove e 10 anos esse percentual sobe para 59% e dos 15 aos 17 anos, esse número chega a mais da metade dos entrevistados: 55%.

As informações mostram que o hábito de estar conectado em jogos se inicia cedo e segue por toda a vida adulta. Para os especialistas, os pais e responsável precisam supervisionar o consumo de jogos de jogos das crianças e adolescentes para, assim, extrair o potencial positivo desse universo digital.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), recentemente, publicou recomendações sobre o uso de jogos para a saúde mental. O documento da entidade ressalta que há aspectos positivos, “não há evidências de que os games, quando utilizados de forma adequada, afetem negativamente a proximidade familiar e o engajamento escolar”.

O pesquisador do Grupo de Trabalho sobre Saúde na Era Digital da SBP e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Eduardo Jorge Custódio, cita que os games permitem aprender a ganhar e a perder, refazer quantas vezes for necessário, persistir e perseverar. “Dão oportunidade para o conhecimento de novas culturas, história e língua estrangeira”, salienta em entrevista ao Jornal O Estado de S. Paulo.

A SBP, ao considerar estudos mais rigorosos, a prevalência mundial de gaming disorder é de 1,9%. Por isso, Custódio acredita que o maior conhecimento sobre o tema contribui para capacitar pais, escolas e profissionais de saúde na prevenção e na identificação do problema.

Por outro lado, o exagero significa transformar todo esse cenário em problemas gravíssimos. O excesso pode causar problemas como distúrbios do sono, inatividade física, transtornos de humor e até o gaming disorder – quadro caracterizado como dependência de uso recorrente e persistente da internet para games. O diagnóstico é feito por um teste capaz de auxiliar os especialistas a identificarem o nível de gravidade do transtorno.

Sinais de alerta para os pais

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o gaming disorder como um distúrbio de saúde mental na 11.ª revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID11). Embora a criança ou adolescente não colaborem com testes, o órgão estabeleceu que dá para caracterizar o problema quando há, obrigatoriamente, a presença de três comportamentos centrais por pelo menos 12 meses, em um padrão persistente.

Primeiro: se o adolescente jogar por mais tempo do que tinha planejado e não conseguir parar na hora estabelecida, isso pode configurar perda de controle.

Segundo: quando o jogar se sobrepõe a outros interesses e atividades, como sono, alimentação, estudo e relacionamentos.

Para a psicóloga Luiza Brandão, doutora em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), os pais e responsáveis devem diálogos com as suas crianças e os adolescentes sobre esse passatempo. “Podemos incentivá-los a procurar por novos jogos sempre, mas é preciso avaliar as escolhas com cuidado”, afirmou ao Estadão.

 

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