UNICEF alerta que mais de 90% das crianças e adolescentes do MA vivem na pobreza multidimensional
UNICEF alerta: o estado apresenta o quarto pior resultado do país, ficando atrás apenas do Amapá (91,7%), Piauí (91,6%) e Pará (91,2%)
No Maranhão, 90,2% das crianças e adolescentes estão na pobreza, em suas múltiplas dimensões, é o que alerta o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no novo relatório “Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil”, que foi lançado na última terça-feira (10).
Em todo o Brasil, entre 2019 e 2022, o percentual de meninas e meninos vivendo na pobreza, em suas múltiplas dimensões, caiu de forma de 62,9% para 60,3%. No Maranhão, passou de 92,4% em 2019 para 90,2% em 2022.
Apesar dessa diminuição, o percentual ainda é alto, e o estado apresenta o quarto pior resultado do país, ficando atrás apenas do Amapá (91,7%), Piauí (91,6%) e pará (91,2%).
Esse relatório, segundo o UNICEF, visa alertar para a urgência de priorizar políticas públicas intersetoriais voltadas para crianças e adolescentes no Brasil, em especial no Norte e Nordeste. O UNICEF destaca que, quando se fala em pobreza, não se refere apenas a renda, mas sobre uma série de outros fatores.
“A pobreza na infância e adolescência vai além da renda, e precisa ser olhada em suas múltiplas dimensões. Estar fora da escola ou sem aprender, viver em moradias precárias, não ter acesso a renda, água e saneamento, não ter uma alimentação adequada e não ter acesso à informação são privações que fazem com que crianças e adolescentes estejam na pobreza multidimensional”, explica Santiago Varella, especialista em Políticas Sociais do UNICEF no Brasil.
O estudo “Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil” apresenta uma análise de dados de 2016 a 2022 e analisa o acesso de crianças e adolescentes a seis direitos básicos:
- renda
- educação
- informação
- água
- saneamento
- moradia
O relatório se baseia na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) e enfatiza a necessidade de ações coordenadas e urgentes para garantir que cada criança e adolescente tenha acesso pleno aos seus direitos.
Além de mapear as múltiplas dimensões da pobreza – alimentação, renda, educação, moradia, água, saneamento e informação –, o estudo categoriza as privações em intermediária (acesso ao direito de maneira limitada ou com má qualidade) e extrema (sem nenhum acesso ao direito), de acordo com critérios como faixa etária, dados disponíveis e legislação do País. Há também análises por estado e cor/raça.
Veja, abaixo, o percentual do Maranhão em cada um dos itens que integram a ‘Pobreza Multidimensional’.
Renda – diz respeito ao número de crianças e adolescentes vivendo abaixo de um nível mínimo de recursos para satisfazer suas necessidades. No Maranhão, em 2022, eram 58,38% crianças e adolescentes sem renda suficiente.
Água e saneamento – a privação de saneamento permanece sendo a que mais impacta crianças e adolescentes no Brasil. No Maranhão, 79,64% das crianças não tinham acesso a saneamento básico em 2022.
Em relação ao acesso à água potável, essa porcentagem era de 14,66% no estado.
Educação – na dimensão de educação, o estudo analisa dois aspectos: estar na escola e estar alfabetizado. Os dados revelam uma piora visível no quesito alfabetização: a proporção de crianças de 7 anos que não sabem ler nem escrever saltou de 20% para 40% entre 2019 e 2022 no Brasil, especialmente entre crianças negras e aquelas afetadas pela pandemia durante o período de alfabetização. Não há, no estudo, dados abertos de alfabetização por Estado.
Os dados relativos a “estar na escola na idade certa” apresentam melhora, mas a informação pode estar relacionada apenas à aprovação automática na pandemia de covid-19.
Moradia – A questão do acesso à moradia adequada continua a ser um desafio significativo que impacta diretamente a qualidade de vida de crianças e adolescentes em todo o Brasil. No Maranhão, 11,53% de meninas e meninos são afetadas por essa privação.
Informação – O acesso à internet e à televisão foi um dos índices que ajudaram a impulsionar a tendência de redução das privações entre crianças e adolescentes. No Maranhão, 7,71% não tem acesso a esse direito.
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