Exposição do feto ao tabagismo pode acelerar envelhecimento biológico
Exposição do feto: Descoberta mostra que a exposição ao tabaco ainda no útero da mãe e ao longo da infância aumenta o risco de doenças relacionadas à idade
Fetos que foram expostos ao tabagismo durante a gestação da mãe e pessoas que fumaram ao longo da infância podem envelhecer biologicamente mais rápido do que em relação à idade cronológica — ou seja, a idade desde o seu nascimento. A descoberta é de nova pesquisa publicada nesta sexta-feira (3) na revista científica Science Advances.
O estudo quantificou até que ponto a exposição precoce ao tabaco envelhece biologicamente uma pessoa e aumenta a predisposição a condições como doenças cardíacas, diabetes tipo 2, entre outros. Para isso, foram analisados mais de 276 mil participantes e foram avaliadas as relações entre exposição intrauterina à fumaça do tabaco, o tabagismo infantil e o envelhecimento biológico acelerado.
A idade biológica se refere ao estado de funcionalidade e conservação do organismo e sofre influências do estilo de vida, ambiente e outros fatores externos. Por isso, muitas vezes, ela não está alinhada à idade cronológica, que se refere aos anos que se passam desde o nascimento de uma pessoa.
A atual pesquisa descobriu que a exposição ao tabaco na infância, incluindo o período de gestação, pode acelerar a idade biológica para além da idade cronológica, aumentando o risco de doenças pulmonares, diabetes, doenças cardíacas e câncer.
Como o estudo foi feito?
Para fazer o estudo, os pesquisadores avaliaram 276.259 participantes do Biobank, um bando de dados do Reino Unido. Eles foram divididos em vários grupos delineados pela exposição intrauterina ao tabaco e ao tabagismo infantil (ou a falta dessa exposição).
Os pesquisadores testaram amostras de sangue desses participantes usando duas métricas previamente estabelecidas, chamadas KDM-BA e PhenoAge, que compreendem uma variedade de biomarcadores indicativos da idade biológica. Eles também examinaram o comprimento dos telômeros dos participantes — trata-se das pontas dos cromossomos do DNA das células e funcionam como um “relógio biológico”, encurtando ao longo do envelhecimento biológico.
Segundo o estudo, as pessoas que foram expostas ao tabaco ainda no útero eram 0,26 anos KDM-BA e 0,49 anos PhenoAge mais velhas do que sua idade cronológica. Além disso, houve uma diminuição média de 5,34% no comprimento de seus telômeros.
Enquanto isso, as pessoas que fumaram na infância eram 0,88 anos KDM-BA e 2,51 anos PhenoAge mais velhas do que a sua idade cronológica. Eles também apresentaram uma diminuição no comprimento dos telômeros de 10,53%, em média.
Ademais, pessoas que foram expostas ao tabaco ainda no útero e que também fumaram durante a infância eram 1,13 anos KDM-BA e 2,89 anos PhenoAge mais velhas do que a sua idade cronológica.
“Esse resultado enfatizou os importantes benefícios públicos da cessação precoce do tabagismo, independentemente da origem genética, na resistência ao envelhecimento biológico e na prevenção de doenças relacionadas ao envelhecimento”, escreveram os autores do estudo.
Para saber mais sobre o direitos das crianças, conheça a newsletter Infância na Mídia.