Apesar de progresso, desigualdade entre cidade e campo marca acesso a água e saneamento

Compartilhe

Embora as disparidades no acesso a água potável e saneamento básico entre regiões rurais e urbanas tenha diminuído, a desigualdade permanece elevada no mundo, disse relatório produzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), publicado nesta quinta-feira (8).

Com mais da metade da população mundial residindo em cidades, o relatório revela que o acesso a saneamento de qualidade nessas áreas subiu de 76% em 1990 para 80% em 2012. No cenário rural, entretanto, as taxas de acesso seguem deficientes: de 28% a 47%. No mesmo período, o acesso a água potável subiu de 95% a 96%, nas cidades, e de 62% a 82% em áreas rurais.

“Pessoas demais ainda carecem de níveis básicos de água potável e saneamento”, alerta Maria Neira, diretora da OMS para Saúde Pública e Determinantes Sociais e Ambientais da Saúde. “O desafio é acelerar o acesso das pessoas em situação vulnerável. Uma primeira medida essencial seria monitorar melhor as condições atuais de acesso a esses serviço”.

No Brasil, o acesso total a saneamento básico e água foi de, respectivamente em 2012, 81% e 98% – comparado aos 67% e 88% em 1990.

Embora o país progrida firmemente no saneamento e já tenha atingido as metas do sétimo Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) quanto ao acesso à água, diferenças entre cidade e campo persistem: 84% e 49% (saneamento) e 100% e 85% (água).

Relatora especial pediu atenção para o tema

Em dezembro de 2013, a relatora especial das Nações Unidas para o direito à água e saneamento, Catarina de Albuquerque, visitou o Brasil e pediu às autoridades brasileiras nas esferas federal, estadual e municipal para dar prioridade aos mais pobres e marginalizados, “para assegurar que a eliminação progressiva das desigualdades no país e que todos tenham acesso a água e saneamento”.

A relatora da ONU documentou profundas desigualdades no acesso ao saneamento entre as diferentes regiões do país, sendo a região Norte a mais afetada. Enquanto que em Sorocaba (São Paulo) a taxa de tratamento de esgoto é de 93,6%, em Macapá (Amapá) ela é de apenas 5.5%.

Na área do esgoto, a perita explicou que “a baixa taxa de cobertura não corresponde aos avanços feitos pelo Brasil moderno em outras áreas, já que 52% da população ainda não tem coleta de esgoto e somente 38% do esgoto recolhido é tratado. Esta situação leva muitos a viverem com os seus próprios dejetos à porta de casa”.

“O fato de o Brasil ainda ter 8 milhões de pessoas que praticam diariamente a defecação ao ar livre é inaceitável e constitui uma afronta à dignidade humana. A eliminação da defecação ao ar livre deve ser uma prioridade imediata”, destacou Catarina.

Fonte: ONU Brasil