Recreação livre contribui com o desenvolvimento da criança, mas ainda é pouco frequente na Educação Infantil

Recreação livre contribui com o desenvolvimento da criança, mas ainda é pouco frequente na Educação Infantil

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A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) considera o ato de brincar uma das seis experiências fundamentais para o desenvolvimento infantil, junto com conviver, participar, explorar, expressar e conhecer-se. A importância da recreação é reconhecida  pelos educadores e celebrada em 28 de maio, Dia Internacional do Brincar.

A nota técnica “Educação Infantil de Qualidade”, do Itaú Social, destaca que o envolvimento das crianças nas brincadeiras em creches e pré-escolas contribuem, desde os primeiros passos, até na evolução da personalidade e geram benefícios ao longo da vida. Entre os efeitos positivos detectados pelo levantamento quando se fala em investimentos na primeira infância estão a redução das taxas de violência, ganhos com a saúde pública e produtividade na vida adulta, além de ser uma das estratégias mais eficientes para quebrar o ciclo intergeracional da pobreza.

Apesar disso, a pesquisa “Avaliação da Qualidade da Educação Infantil: um Retrato pós-BNCC”, do Itaú Social e da FMCSV (Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal) revela que 42% das creches e pré-escolas ainda não desenvolveram recreações livres com as crianças. A experiência foi a quinta menos frequente das onze atividades listadas durante o período de análise do estudo, realizado entre junho e dezembro de 2021. As outras ações com menor ocorrência são:

  • Participação na organização das atividades, com 49%;
  • Mediação de leitura, com 55%;
  • Práticas com  tecnologias, com 67%;
  • Experiência com a natureza, também com 67%.

A pesquisa confirma que as brincadeiras livres ocorrem quando a criança tem autonomia para se divertir em espaços previamente organizados pelas professoras. Essa prática foi observada em apenas 22% das turmas, com as creches registrando maior ocorrência, totalizando 28%, enquanto na pré-escola, esses momentos foram frequentes em 16%.

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Segundo a coordenadora do Observatório da Fundação Itaú, Esmeralda Macana, uma das justificativas em relação à pouca oportunidade de recreação é porque os docentes estão acostumados com a rotina do Ensino Fundamental. “Alguns professores não entendem a importância das brincadeiras livres, acham que elas não são pedagógicas e acabam trazendo o formato das aulas dos Anos Iniciais do Fundamental para a turma da Educação Infantil”, conta.

A dinâmica de docentes migrarem entre as etapas nos primeiros anos do ensino regular pode ser considerada frequente. De acordo com o Censo Escolar de 2023, 61,5% das turmas da Educação Infantil municipal estão inseridas em escolas que também ofertam os Anos Finais do Fundamental. O índice é ainda maior nas escolas particulares não conveniadas com a prefeitura, onde a taxa é de 74,6%.

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Para a professora Maria Lúcia, de Suzano (SP), as creches e pré-escolas precisam se manter interessantes para as crianças da nova geração, e as atividades lúdicas são importantes para despertar esse encantamento. “Explicamos para os docentes que a brincadeira é livre, porém ela precisa ter alguma intencionalidade. Ter no radar o que desenvolver com aquela proposta de recreação, seja ela brincar no escorregador ou um jogo de memória”, resume.

Opções para brincar
As coletâneas “Brincar e descolonizar: educar para a equidade” e “Catálogo de Jogos e Brincadeiras Africanas e Afro-brasileiras” disponibilizam gratuitamente mais de 100 brincadeiras inspiradas em tradições brasileiras e de seis países do continente africano. As atividades listadas também são acompanhadas por uma justificativa no contexto pedagógico, considerando os objetivos e os recursos necessários para sua reprodução em escolas.

Ambos os livros são fruto da pesquisa “Nô bá brinca, vamos brincar, ahi tlhangui?”, realizado pela pedagoga Mighian Danae que investigou escolas quilombolas e a comunidade do Recôncavo Baiano. A iniciativa contou com o apoio do Itaú Social, por meio do Edital Equidade Racial na Educação Básica, realizado em parceria com o CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades). Os livros integram o acervo Anansi, que oferece dezenas de materiais, artigos, documentários, séries, revistas, entre outras publicações voltadas a estimular o ensino da cultura afro-brasileira.

 

Fonte: Itaú Social

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